Curitiba testa pouco para Covid-19 e tem alto índice de positivos

Sem exames a cidade tem pouca informação para tomar decisões mais eficazes no combate a pandemia

Umas das formas mais simples e baratas de combater o coronavírus, a realização de exames diagnósticos, é pouco usada e focada em pessoas com sintomas em Curitiba. É o que mostram os dados informados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital. Desde o início de 2021, a cidade realizou, em média, 2019 exames por dia, 28% dos quais tiveram resultado positivo. Isso representa um exame para cada mil habitantes.

Apesar disso, a capital ainda está em melhor situação que o restante do estado. No total, o Paraná tem condições de processar 10.600 no Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e no Laboratório Central do Estado (Lacen), mas tem realizado menos que isso. Se considerarmos todos os exames realizados desde o início da pandemia no estado, o índice de positivos é de 42%.

Como um todo o Paraná faz menos de um exame (0,80) para cada mil habitantes. É menos que a Argentina, que faz 0,91 exames por mil habitantes e mais que a Bolívia, com 0,79. E sem exames não há informações precisas sobre a pandemia. Informações que poderiam ser usadas para o planejamento de ações mais eficazes de contenção da pandemia na cidade.

Exames realizados no IBMP por dia e por semana epidemiológica no Paraná e % de positivos

Tanto Curitiba quanto o Paraná testam mais que a média nacional, que é de 0,35 exames por mil habitantes segundo a última informação disponível, de setembro de 2020. Mas ainda é pouco. O Chile, por exemplo, faz 3,14 exames para cada mil habitantes. A Colômbia, 1,57 exames por mil. E o Uruguai 4,27.

Percentual de exames com resultado positivo por país.

Outra características dos exames feitos em Curitiba chama a atenção. Em média 28% dos testes têm resultado positivo, o que é um indício de que somente pessoas com sintomas estão procurando os serviços de saúde. Não há busca ativa e a realização em massa de testagem em grupos importantes, como profissionais em escolas, trabalhadores expostos a riscos e até mesmo testagem ampla em locais com casos confirmados, algo essencial uma vez que a maior parte dos infectados é assintomático.

Além disso, um número de infectados subestimado resultado no cálculo da velocidade de transmissão do vírus subestimado também.

A cidade viu um aumento de 34% no número de exames realizados em março, quando o número de casos e internações aumentou. Passado o pico, abril voltou ao patamar anterior de testagem.

Mas quantos exames Curitiba deveria estar fazendo? Na cidade de Nova Iorque, que atualmente registra média móvel de 1700 novos casos por dia – o que equivaleria a 176 novos casos por dia numa cidade com o número de habitantes de Curitiba, são realizados 3,41 exames por dia para cada mil habitantes. E o percentual de positivo está em 7%.

Além disso Nova Iorque já imunizou 35% da população com mais de 18 anos e aplicou pelo menos uma dose em 52% de seus moradores. Curitiba imunizou menos de 8% de sua população até agora.

Curitiba tem hoje média móvel de 516 novos casos por dia e realiza 1,03 exames para cada mil habitantes com 28% deles com resultado positivo. Para testar no mesmo patamar de Nova Iorque a cidade teria que fazer 6,6 mil exames por dia, o triplo da média atual.

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