Empresário da gastronomia se compara ao restaurante popular: “Por que pode abrir e eu não?”

Vídeo foi divulgado pela Abrasel nas redes sociais; restaurante popular atende população vulnerável e é considerado serviço essencial

A Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgou o vídeo de um empresário do ramo da gastronomia que compara o seu negócio aos restaurantes populares de Curitiba. O serviço da prefeitura atende a população vulnerável e, por ser considerado essencial, funciona também na bandeira vermelha.

“Oh, Greca, queria que você respondesse qual é a diferença do restaurante popular para o meu restaurante. Por que esse restaurante, que é teu, pode funcionar e nós não podemos?”, questiona o empresário, que não foi identificado.

As imagens foram gravadas em frente a um dos restaurantes populares da capital e divulgadas nesta segunda-feira (31) no Instagram da Abrasel. O empresário acusa também a prefeitura de não respeitar a distância de pelo menos um metro entre uma mesa e a outra. “Não há respeito das regulamentações que todos os outros são obrigados a cumprir”, diz a legenda do vídeo.

O presidente da Abrasel, Nelson Goulart, reconhece que o serviço prestado pelos restaurantes populares é essencial, mas diz que Curitiba deveria seguir o exemplo de outras capitais, como São Paulo, Fortaleza e Teresina, onde essas unidades estão fechadas para atendimento presencial, mas servem marmitas para viagem.

“No restaurante popular você vê pessoas, às vezes de terno e gravata, que estão almoçando porque os outros restaurantes estão fechados. Se a pessoa, que não é moradora de rua, pode ir lá e comer sentado, isso não tem lógica”, critica Goulart.

Em nota, a prefeitura afirma que desempregados, idosos, pessoas em situação de rua e trabalhadores autônomos com baixa renda familiar são maioria entre os 4,7 mil cidadãos atendidos diariamente nos cinco restaurantes populares. As refeições custam R$ 3 e pessoas em hotéis sociais do município têm alimentação gratuita. De março de 2020 até maio deste ano, foram servidas 1,3 milhão de refeições.

Sempre segundo o órgão, a distância de pelo menos um metro e meio é fiscalizada nas filas do lado de fora e nas mesas, “sempre pulando um banco de uma pessoa para outra”. As equipes dos restaurantes orientam ainda sobre a higiene das mãos e o álcool em gel é disponibilizado nos salões. Quem quiser, pode optar pela marmita em embalagem térmica, sem custo extra.

No último sábado, a prefeitura decretou o estado de bandeira vermelha até 9 de junho para conter o avanço da pandemia na capital. Há dias, as UTIs registram taxa de ocupação acima de 100% e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foram convertidas em locais de internamento para pacientes com a Covid-19.

Para protestar contra o que chamam de “lockdown seletivo”, que prejudica há mais de um ano o setor da alimentação fora do lar, a Abrasel convocou para esta terça-feira (1) uma carreata que vai sair do Centro Cívico às 16h. A manifestação vai passar também pelo parque São Lourenço que, na semana retrasada, abrigou um evento da prefeitura que contou com aglomeração e a presença do prefeito Rafael Greca.

“Não somos negacionistas. A pauta da carreata é a desorganização entre as instâncias do poder: o governo federal com a questão das vacinas; o governo estadual se omite em muitos momentos e não fez a concertação com as prefeituras da região metropolitana. Deveria haver um esforço nessa direção”, explica o presidente da Abrasel.

A bandeira vermelha, decretada pela segunda vez desde o começo da pandemia, vem levantando vigorosos protestos dos empresários da gastronomia. Diversos restaurantes estão expondo faixas e cartazes para reivindicar o direito a abrir mesmo na fase mais aguda da epidemia. No último fim de semana, donos de restaurantes ameaçaram nas redes sociais descumprir o decreto da prefeitura.

Cartaz contra o lockdown exibido pelo bar dançante Gato Preto, no Centro. Foto: Divulgação.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Empresário da gastronomia se compara ao restaurante popular: “Por que pode abrir e eu não?””

  1. Jura que tem gente que não entende a diferença entre o restaurante popular e o dele? Cobram o cara errado, a pressão devia ser sobre o governo federal que pode aplicar políticas de redução de danos para o setor de serviços e não o faz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima