Restaurantes se revoltam contra decreto e abrem na bandeira vermelha

Beto Madalosso anuncia nas redes sociais que não vai respeitar as restrições impostas pela prefeitura, mas depois apaga post

*Texto atualizado às 12h40 e, novamente, às 18h30.

O último decreto da prefeitura, que estabeleceu bandeira vermelha em Curitiba até 9 de junho, causou revolta entre alguns empresários do setor da gastronomia. Os chefs Beto Madalosso, do Carlo Ristorante, e Dudu Sperandio, do Ernesto Ristorante, anunciaram no Instagram que estão descumprindo o decreto neste domingo (30).

Por volta das 12h30, o post desapareceu do feed, mas não dos stories. No final desta tarde, Madalosso explicou à reportagem que ele não deletou a postagem (conforme noticiamos anteriormente), mas que foi removida pelo Instagram por violar as regras da plataforma. Numa das fotos postadas, a aglomeração num ônibus foi comparada a uma câmara de gás. Horas depois, ele vez um novo post para contextualizar a fala (veja abaixo).

Já Sperandio negou à reportagem estar atendendo presencialmente, apesar do que ele afirmou no Instagram (veja abaixo o print).

“Estamos atendendo descumprindo o decreto. Enquanto houver ônibus circulando meu restaurante permanecerá aberto. Venha Aifu, venha fiscalização, tragam o prefeito. Quero falar pessoalmente com ele”, escreveu Madalosso no Instagram numa postagem que ultrapassou 4 mil curtidas.

Nos comentários ao post, Sperandio engrossou o coro dos revoltados. “Você algum dia fechou? Nós também estamos abertos, melhor nunca fechamos, pena que demorou tanto para você se revoltar!”, escreveu o empresário.

Mesmo anunciando o desrespeito as medidas sanitárias, Dudu disse que o medo faz a clientela ficar em casa. “Sabe o problema? Mesmo aberto o povo não aparece, estão com medo do Corona [sic]. Esses 10 talvez 20 rebeldes que aparecerão não matem [sic] as contas em dia, e esse tem sido nosso problema. Mesmo aberto a conta está no vermelho. Enquanto não acabar o abre e fecha, não resolve ficar aberto. Vamos fazer igual em Bologna, Madrid, Milão, Paris, tem que por fogo na rua, rebelde não resolve”, atacou o chef.

Comentário do empresário Dudu Sperandio ao post de Madalosso. Foto: Reprodução.

Questionado pela reportagem, Sperandio negou estar atendendo presencialmente. “Estamos com a casa aberta, mas só no iFood. Ninguém ligou para vir almoçar, o nosso iFood está bombando. Se alguém aparece para almoçar eu sirvo, mas quando fecha [a bandeira vermelha], ninguém aparece. O pessoal acaba que respeita, fica com medo e pede em casa”, explica o empresário.

Segundo Beto, o setor da gastronomia virou o bode expiatório da pandemia. No post ele critica a desativação de leitos de UTIs pela prefeitura, os ônibus lotados que seguem circulando pela capital, as aglomerações sem máscara provocadas pelo presidente Bolsonaro e a festa de inauguração do memorial João Turim que contou com beijos e abraços do prefeito Rafael Greca.

Outros chefs e empresários também se posicionaram, nos comentários, a favor da atitude de Madalosso. A vereadora Carol Dartora (PT) comentou com o emoji do fogo, sinalizando apoio ao empresário. O ex-candidato à prefeitura, Fernando Francischini, também declarou apoio à iniciativa.

A Associação de Bares e Restaurantes repostou a publicação de Madalosso e acrescentou: “A ABRASEL não pode conclamar à desobediência, mas pode e deve apoiar decisões individuais livres que busquem resistir ao arbítrio, à injustiça”.

A prefeitura foi questionada pela reportagem se fiscalizará quem está descumprindo o decreto, mas o órgão não se posicionou até o momento.

Madalosso contextualiza fala

Após as polêmicas que seguiram a postagem, Beto voltou a comentar o assunto nesta tarde. “Só para deixar bem claro: a fala de ‘descumprir o decreto’ não é para fingir que pandemia não existe e estimular aglomeração. A fala é para chamar atenção para setores que estão há 15 meses acumulando prejuízos sem receber auxílio dos governos para permanecerem fechados”, escreveu em novo post.

E pontuo: “A fala é de indignação coma prefeitura quando ela não cumpre os próprios decretos, mantendo ônibus lotado, fazendo evento com aglomeração e fechando leitos de UTI. A fala é principalmente contra um presidente negacionista que declinou a compra de vacinas 11 vezes e que foi incapaz de articular um plano nacional de combate à pandemia”.

Houve também reações contrárias. A empresária Janaína dos Santos, dona do Cosmo Gastrobar, criticou Beto nas redes sociais. “Esse é o cara que Curitiba paga pau. Parabéns”, escreveu. Em seguida, ela também excluiu o post.

Ao Plural, Janaína frisou que as motivações do protesto são justas, mas errada é a forma. “Fico triste de ver esse posicionamento. Brigamos muitos meses por um lockdown de verdade e apoio financeiro e um posicionamento desses certamente nos ajudaria a ter mais força para fechar preventivamente e de verdade. Estamos com 1500 pessoas na fila de leitos no Paraná. A culpa disso não é de negócios responsáveis, mas brigar contra medidas restritivas passa o recado que economia é mais importante que vidas”, afirmou.

E acrescentou: “A prefeitura e governo fazem medidas totalmente mal feitas, mas estão abandonados pelo governo federal onde reside a maior fatia de recursos para nos ajudar. Brigar contra isso no pico passa o recado errado. O protesto é justo, mas há outras formas de constranger o prefeito em suas falhas”.

A empresária disse ainda que vai cumprir o decreto “como sempre cumpri, passando até mesmo mais meses fechada do que os decretos pediam”. “Estou falida e desesperada, mas a vida é sempre mais importante. Precisamos de recursos para não entrar nessa luta de desesperada para abrir porque é a alternativa que ‘restou'”, finalizou.

Na noite desta sexta-feira (28), as equipes da prefeitura de Curitiba e do governo do estado, que formam a Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu) interditaram seis estabelecimentos e lavraram 46 autos de infração, no valor total de R$ 485.900.

Os locais interditados e autuados foram uma casa de jogos no bairro Água Verde, outra casa de jogos no Centro, um bar e sauna no Cristo Rei, dois bares no Uberaba e uma tabacaria na CIC.

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18 comentários em “Restaurantes se revoltam contra decreto e abrem na bandeira vermelha”

  1. Tinha um bar, fechei devido pandemia, pois não tinha como vender com este serviço, está palavra q odeio, o delivery, q está acabando com o comércio, e está fazendo todos acharem que ficar isolado dentro de casa e muito melhor. Está acabando com a vida social, enquanto isso como já foi dito ônibus e metros lotados todos os dias….e uma vergonha.. e um pouco caso com o comércio em si!

  2. Anauila Osternack

    Nós donos de restaurantes sempre fotos os que mais zelaram pela vida! Sempre cumprimos todos os decretos e respeitamos, mas infelizmente o lockdown só é feito por nós e pelo pequeno comercio! Onibus lotados, desativação de leitos de UTI, Região Metropolitana sempre aberta! Sinceramonte isso pra mim não é lockdown ! O Beto só levantou maid uma vez a bandeira da injustiça com o nosso setor!

  3. Beto madalosso está certo em ficar revoltado ..não é assim que estão ajudando os empresário e população precisamos gerar emprego …tem que abrir os comércios de gastronomia .Daiana alves

  4. Por que então esse Beto Madalosso não declarou, logo de início, que era contra o presidente negacionista? Será que é medo de perder seus clientes bolsominions da “república”? Ou ele mesmo é um bolsominion enrustido? Cadê tua coragem, influencer?

  5. Luciano Albuquerque

    Como assim?
    No começo da pandemia, não foi o Restaurante Madalosso que fechou alegando que “Vidas importavam?????
    Considerando que os poderes não obrigavam tal atitude??
    Mudou de ideia Betinho????
    Agora as vidas não importam.mais???
    Reavalie teu conceito antes de postar…….

  6. Fiz uma continha aqui… São 1 milhão de bares e restaurantes no Brasil. Se somente 30% desses estabelecimentos recorressem a um auxilio de 6.500,00 mensais (Luz 1000,00/Aluguel 3000,00/Labore 1500,00/Outros 1000,00) o governo federal teria um desembolso de 1,95 BILHÃO (com B de Beto) mensais SÓ PARA ESSE SETOR. Esse negocio de auxilio e a birra com o UNICO político que desde o inicio disse que tinha que manter os negócios abertos descredibilizam quase que TOTALMENTE a iniciativa de desobediência civil ensejada.

    1. Elton Casagrande

      Não precisa fazer conta e nem fazer birra, o GENOCIDA está com quase 500 mil mortes nas costas porque é negacionista. Simples assim.

  7. O cara que apoia o socialismo , que passa meses viajando de moto com o dinheiro de uma família rica ( não começou com o salário de garcon e começou os seus restaurantes, e agora não quer seguir os ditadores socialistas ?
    Beto, como vc mesmo se diz socialista de I phone sinta na pele o que é o socialismo .
    Vai quebrar como todos estão quebrando, mas vc tem o respaldo da herança , a maioria não tem !!!!
    Ah é pra te avisar , o socialismo não te deixará ficar com esse dinheiro da herança , tudo irá para o estado . Melhor ler mais para ver se é isso mesmo que vc quer para a sua vida .

  8. Oziel Hernanes Franco

    Essas startups de delivery é quem estão realmente lucrando com esse fechamento do comércio. Aí fazem promoções malucas que visam apenas o lucro deles e dos consumidores e ferram com os estabelecimentos que decidem não participar e se participam, amargam a derrota de verem seus lucros irem para as mãos dessas empresas inescrupulosas.
    Resumindo, a pandemia e a política de fechar os comércios está ajudando essas empresas a fazerem empresários e comerciantes passarem a empregados.

  9. Oziel Hernanes Franco

    Essas startups de delivery é quem estão realmente lucrando com esse fechamento do comércio. Aí fazem promoções malucas que visam apenas o lucro deles e dos consumidores e ferram com os estabelecimentos que decidem não participar e se participam, amargam a derrota de verem seus lucros irem para as mãos dessas empresas inescrupulosas. Abaixo ao ifood, aiqfome e etc…

  10. Essencial são os empregos que o restaurante gera;
    Essencial é o salario dos funcionários pra levar sustento pra casa.
    Vocês não entenderam ainda que fechando o comércio, o empresário que gera emprego acaba falindo e o desemprego e a fome aumenta cada vez mais.
    Invés de fechar comércio, abre hospitais, investe na saúde. Coisa pouco feita em Curitiba. Mas em compensação asfalto na cidade esta uma beleza…

  11. Esses são os nossos “empresários”, querem que os hospitais lotados e os doentes sem leitos se fodam ! Pra eles só interessa seus lucros !!!

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