Internet começa com“I”, mas podia ser com “E” de empatia

Na era do hate, a gente ainda encontra muito amor ao próximo e empatia em todos os mecanismos de busca na Internet.

AVISO: este texto contém amor, empatia e muito chororô, mas não bíblico.

Eu passei a morar sozinha há um ano e o que mais me deixava triste no início era não ter companhia para fazer coisas simples, como assistir e comentar a novela, ir rapidinho à farmácia ou dividir uma barra de chocolate. Mas, como tudo em minha vida, a Internet teve um papel fundamental em me ajudar com isso. E vou contar algumas outras histórias semelhantes de companheirismo e empatia na Internet para você. 


Significado de Empatia

substantivo feminino

Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias.


Ontem eu estava terminando minhas atividades do trabalho e recebi uma notificação da minha prima: uma garota postou no LDRV, um grupo que participamos no Facebook (Adm’s, por favor, não me banam), que havia reservado uma mesa em um bar para comemorar seu aniversário e ninguém apareceu. Ela escreveu aos mais de 430 mil membros do grupo:

“Chegou o meu momento de fazer a tour do aniversário vazio, marquei e ninguém veio, e quem vai vir de fato só pode dps das 21h”

E postou esta fotinho triste: 

Eu fiquei realmente comovida com a história, pensei que me sentiria péssima se passasse pelo mesmo. Coincidentemente a Jéssica Avelino, a aniversariante, era de Curitiba, cidade onde moro. Só consegui responder “EU VOU” ao comentário que me marcava. Chamei mais dois amigos que também embarcaram na ideia e fomos. No momento em que eu saí de casa, cerca de meia-hora depois do apelo da Jéssica, a postagem já tinha mais de 2.500 curtidas (8.200 ao fechamento deste texto).

Ao chegar ao local, a mesa estava CHEIA! Cheia de desconhecidos que se compadeceram com a história e foram oferecer seu mais sincero “feliz aniversário” para a Jéssica. Foi com certeza uma das experiências mais Black Mirror que eu já vivi. E também foi uma das mais legais. Era inacreditável que cerca de vinte curitibanos, conhecidos injustamente pela antipatia, tenham saído de casa em uma terça-feira à noite para comemorar o aniversário de alguém que não conheciam. Justamente pela empatia. Mas aconteceu, eu fui, eu tava e posso provar: 

As-fotos-do-rolê-empático-ficaram-ótimas.jpg 

Mas este é apenas um de mais dois exemplos que eu tenho para provar a você que a Internet tem muito mais amor, empatia e companheirismo que hate e fake news.

O Clube da Alice é hoje um dos maiores grupos só para mulheres do país, são mais de 550 mil participantes e a maioria delas é de Curitiba. Uma das integrantes, a Fabiana Ribeiro Palma, estava tratando um câncer, sentia muitas dores pelo tratamento da doença e precisava fazer caminhadas para amenizar esse mal estar. Ela postou no grupo pedindo companhia para caminhar no Parque Bacacheri e muitas mulheres deram força e disseram que iriam. 

No dia seguinte havia um grupo de mulheres esperando pela Fabiana. E com o passar dos dias, elas se organizaram, fizeram uma escala para que ela sempre tivesse companhia para caminhar ♥ e mais força para seguir o tratamento. É aquela estrofe né: se isso não é amor, o que mais pode ser?

Veja a história completa aqui em 4:28.

E agora um pouquinho de companheirismo. Lembra que eu contei ao início do texto sobre a minha tristeza em ver novela sozinha? Pois bem, um dia o crítico de telenovela Chico Barney criou um grupo para falar com seus leitores sobre a televisão brasileira. Em poucos dias os próprios membros se organizaram em postagens fixas para comentar o capítulo da novela do dia. O último capítulo de A Dona do Pedaço rendeu mais de 4.900 comentários (o grupo tem pouco mais de seis mil membros). 

Parece pouco, mas – para uma viciada em novela como eu – ter essa companhia todos os dias, foi muito. E sinceramente, foi tudo em dias que o peso de ser uma mulher sozinha doía em mim hahaha 

A verdade é que a gente sempre tem uma história ruim para contar sobre alguém sendo mau na Internet. Mas quantas histórias boas você conhece? Eu tenho certeza que pelo menos uma (aliás, conta nos comentários pra mim?). E eu afirmo com o meu coraçãozinho: enquanto houver amor na Internet, ela será um bom lugar para se viver!

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