Depois de colocar comida à venda, por preços abusivos, para tentar justificar a abertura durante a quarentena, as Lojas Havan continuam a receber clientes e fazer funcionários trabalhar. Mesmo com os decretos do governo do Estado e das Prefeituras de Curitiba e Região Metropolitana, a loja de São José dos Pinhais foi flagrada aberta neste sábado (11).
“Passei por lá e vi aberto. Estranhei e perguntei se podia entrar, disseram que só para pagar o carnê da loja. Mas achei perigoso, já que tinham idosos lá dentro. Também não deveriam fazer os funcionários trabalhar, pegar ônibus e expor eles ao risco”, diz uma fonte ouvida pelo Plural, que preferiu não se identificar.
Segundo ela, funcionários informaram que, caso houvesse interesse, seria possível comprar mercadorias da loja pelo site e vir retirar ali, alguns dias depois – o que também está proibido pelo decreto. “Enquanto isso, a dona de uma pequena loja da cidade me disse que levou multa por estar entregando mercadorias a seus clientes. Ou seja, a lei vale só pro pequeno empresário.”
O Procon acompanha a situação, assim como o Ministério Público do Trabalho e a Delegacia do Consumidor. Eles receberam relatos de descumprimento dos decretos, coação psicológica, ameaças e jornadas de trabalho estendidas. As autoridades orientam aos consumidores e trabalhadores fazerem denúncias on-line pela ouvidoria do MP, MPT-PR ou pelo telefone 156 em Curitiba.
A reportagem procurou a Havan que, por meio de sua Assessoria de Imprensa, informou que não irá se manifestar.
Comida com preços abusivos
Em denúncia anterior, publicada pelo Plural, estavam abertas lojas em Colombo, também na Região Metropolitana, com a venda de comida de itens básicos, como arroz e feijão, o que não é comum na rede. Além disso, os preços estavam muito acima do valor de mercado. Um litro de leite era vendido por R$ 5,99 e cinco quilos de arroz por R$ 22,99.
Em Curitiba, nos bairros Portão e Boa Vista, as lojas Havan também estavam abertas logo após o decreto da quarentena restritiva, que impede o funcionamento de comércios não essenciais, como lojas de rua, até o dia 14 de julho. Nesta semana, leitores relataram ter flagrado o funcionamento também na loja da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Antes disso, outras unidades da rede também descumpriram os horários restritivos de funcionamento determinados pelos municípios.