UFPR discute acessibilidade para surdos

Núcleo de Ensino de Libras promove lives diárias com docentes e pesquisadores da universidade

Questões da comunidade surda brasileira que se tornaram mais visíveis durante a pandemia de Covid-19 serão discutidas nas lives promovidas pelo Núcleo de Ensino de Libras (Nel) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre os dias 24 e 26 de agosto, pelo YouTube. A participação é gratuita e a inscrição será realizada por um link disponibilizado pouco antes de cada transmissão, a partir das 19h30.

A ideia das lives é destacar o protagonismo dos pesquisadores surdos na produção de conhecimento e fortalecer a políticas de educação bilíngue para surdos. Cada professor vai falar da sua história como estudante, docente e pesquisador da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da Educação Bilíngue, que inclui a língua de sinais e a nacional.

O debate central será em torno de controvérsias que associam a acessibilidade para surdos à aprendizagem da oralidade e da leitura labial. O tema abrange, por exemplo, as chamadas máscaras inclusivas, feitas com material transparente na boca para permitir leitura labial.

Estima-se que apenas 15% dos 2,3 milhões de surdos no Brasil sejam oralizados. A Educação Bilíngue é considerada um direito da comunidade surda desde a aprovação da Lei de Libras, em 2002.

Histórico

A questão é sensível porque permeia a história da educação para surdos, marcada do século XIX até os anos 1970 por políticas de caráter clínico. As principais características dessas políticas eram a obrigatoriedade da reabilitação da fala (oralização) e o uso de tecnologias auditivas (próteses e implantes cocleares) — ainda que seus resultados não fossem efetivos na comunicação.

“O oralismo perpetuou por décadas uma concepção da identidade entre ‘deficiência auditiva e problemas de linguagem’, levando ao apagamento de produções culturais das comunidades surdas, como é o caso da proibição da língua de sinais nas famílias e nas escolas”, explica Sueli Fernandes, do curso de Letras Libras da UFPR.

A professora ressalta que as transmissões terão foco na defesa da Educação Bilíngue para promover a inclusão desse grupo social. Esse princípio está no centro da licenciatura em Libras da UFPR, criada em 2015, e que formou sua primeira turma em dezembro de 2019. “O curso de Letras Libras é um legado dos movimentos sociais nas duas últimas décadas pelo reconhecimentos dos surdos como minoria linguística nacional”.

Dos quatro convidados, três são professores do curso de Letras Libras da UFPR: Jefferson Jesus, Daiane Ferreira (também vice-coordenadora do curso) e Marcelo Porto, que fará a mediação. A quarta convidada é a professora Fernanda Brito, mestra em Educação pela UFPR e professora de Libras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

SERVIÇO
Evento: “Educação bilíngue ou acessibilidade? Reflexões para além da pandemia”
Quando: 24, 25 e 26/8, a partir das 19h30
Onde: canal do NEL/UFPR, no Youtube

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