PR vacinou 61 mil a mais que o previsto de identificados como trabalhadores da saúde

Plano de vacinação do PR estima 381.426 profissionais da saúde, mas pelo MS já foram imunizados 442.774

O grupo prioritário de trabalhadores da saúde do Paraná recebeu até agora 61.348 mil doses a mais do que o previsto no Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19. A última atualização do documento, do dia 15 de junho, contabiliza 381.426 profissionais da área em todo o estado. Mas dados da imunização disponibilizados pelo Ministério da Saúde mostravam que, até a manhã desta sexta-feira (16), 442.774 pessoas identificadas como trabalhadores da saúde já haviam recebido a 1ª dose ou o imunizante em dose única.

Em Curitiba, o total de doses aplicadas também é maior do que a população do grupo estipulada pelo município. Contabilizando todas as categorias relacionadas pela prefeitura a serviços de saúde – inclusive aqueles sem contato direto com pacientes –, o grupo chega a 95.301 pessoas. No entanto, a capital vacinou 102.342 – 7.041 a mais do que o quantitativo estimado na última versão do plano municipal de vacinação, publicada no dia 10 de junho.

Em resposta, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que segue as orientações do Ministério da Saúde e trabalha com estimativa populacional. “Por conta da abertura e manutenção de novos leitos para o atendimento aos pacientes da Covid-19 em todo Estado, houve um acréscimo na contratação de trabalhadores da saúde, o que gerou essa diferença no público estimado e o total de doses”, diz o texto encaminhado.

A disponibilidade de profissionais realmente teve um aumento considerável. O crescimento, inclusive, é registrado pelo próprio plano de imunização. As primeiras publicações, ainda em janeiro, apontavam um conjunto de 303.026 empregados na área em todo o Paraná. Já a mais recente contabiliza 381.426, um número já maior mas ainda bem distante do total de 442.774 imunizados identificados como pertencendo ao grupo.

A última versão do plano é de junho, ou seja, quando a maior parte dos trabalhadores da saúde já havia sido vacinada, assim como os demais grupos prioritários, o que levou o Paraná a abrir vacinação para a população em geral.

Por causa do alto risco de exposição, profissionais da saúde receberam prioridade na campanha vacinal contra a Covid-19 em todo o mundo. No Brasil, começaram a ser vacinados ainda em janeiro. A campanha para este público ganhou força em fevereiro, março e abril, à medida que o governo Federal distribuía remessas.

Neste meio tempo, diversas denúncias surgiram contra possíveis fura-filas encaixados como trabalhadores da saúde. Na região metropolitana de Curitiba, foram dois grandes casos de repercussão.

No primeiro deles, em São José dos Pinhais, dezenas de funcionários do Hospital Novaclínica, que atende majoritariamente clientes particulares e beneficiários de planos de saúde, foram incluídos na lista de vacinação da prefeitura. Com isso, trabalhadores da área administrativa e de comunicação da instituição chegaram a ser imunizados antes que outros profissionais da linha de frente da cidade. O casso passou a ser apurado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR).

Também está na mira do MPPR uma convocação de todos os colaboradores da Unimed Curitiba e empresas do grupo maiores de 18 anos para serem vacinados contra Covid-19 na capital no dia 8 de maio. O plano municipal de vacinação, no entanto, estabelece a imunização de profissionais de saúde com registro no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mas não funcionários de setores administrativos.

Segundo mostrou o Plural, um terço das doses de vacina contra Covid-19 aplicadas naquele 8 de maio no Pavilhão da Cura no Parque Barigui foi destinado a pessoas sem ocupação declarada – embora a prefeitura tenha afirmado que todos eram profissionais da saúde. Uma das planilhas de distribuição da Sesa mostrou ainda que as doses aplicadas nos funcionários da Unimed deveriam ter ido para outras categorias dentro do grupo de prioridades.

Dados diferentes

Sobre a diferença entre o total de trabalhadores da saúde estipulado e o total de vacinados identificados como sendo da área, a prefeitura de Curitiba contestou os dados do Ministério da Saúde. A administração municipal disse ter vacinado até agora 96.893 profissionais e trabalhadores da saúde.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também ressaltou trabalhar com estimativas, motivo que justificaria variações. Acrescentou ainda que “em junho passado, o Governo do Estado incluiu como grupo prioritário para vacinação todos os profissionais das 14 áreas da saúde que tenham registro ativo nos conselhos de classe, mesmo que não atuem em serviços de saúde. Estes profissionais não constam na estimativa do Plano Municipal de Vacinação Contra a Covid-19 de Curitiba”.

Outro ponto da resposta cita que, conforme acordado pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), Curitiba vacinou profissionais de saúde que trabalham na cidade, mas residem em outros

Sobre os dados do Localiza SUS pesquisados pela reportagem, a SMS afirma não ter contabilizado “as doses aplicadas pela Secretaria Estadual da Saúde nos funcionários e profissionais do Complexo do Hospital do Trabalhador. Portanto, poderá haver divergência entre os dados no Painel de Vacinação de Curitiba com o Localiza SUS para o grupo de Trabalhadores da Saúde”.

A ficha de identificação do complexo disponível no site do CNES, no entanto, mostra 3.490 trabalhadores cadastrados, praticamente a metade da diferença que consta pelos dados do Localiza SUS.

O Localiza SUS é abastecido com dados enviados pelas secretarias estaduais. Em seu site, a Sesa informa que “os municípios são os responsáveis pela aplicação das doses na população de acordo com o plano de imunização estadual. Cabe a eles também enviar essas informações para a Secretaria de Estado da Saúde”.

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