Poda “fora dos padrões” deixa Ilha do Mel sem internet e telefone

Serviço derrubou galhos em cima dos cabos e deixou resíduos no meio das trilhas

Cerca de cem famílias da Ilha do Mel, no Litoral do Paraná, ficaram com o sistema de telefonia e internet instável depois de um trabalho de poda da Companhia Paranaense de Energia (Copel). O serviço foi na quarta-feira passada (29), e os moradores alegam que a equipe, terceirizada, não seguiu padrões para evitar danos à rede, usada pela operadora local.

Além disso, a equipe não deu um destino específico ao excesso vegetal retirado, e galhos acabaram sendo largados no meio das trilhas – caminhos bastante buscados pelos turistas que voltaram a frequentar a região, depois do período de restrições por causa da pandemia.

A instabilidade continuava nesta quarta-feira (6). Conforme apurou o Plural, algumas das famílias perderam totalmente o sinal, enquanto outras estão com acesso limitado. A operadora que atua na Ilha disse que já está trabalhando para resolver o problema e que esta não é a primeira vez que os trabalhos de poda afetam a disponibilidade do serviço.

“Eles deixaram o que foi tirado pelas trilhas. E do jeito que cortaram, afetou os fios. E é difícil aqui para todo mundo porque, em plena pandemia, as crianças estão com aulas on-line e precisam da internet. E tem também os donos das pousadas, que precisam dos sistemas de reserva de hospedagem porque a Ilha reabriu recentemente”, diz a presidente da Associação dos Nativos da Ilha do Mel (Animpo), Michele Santos. “A poda é, sim, necessária, mas o que eles estão fazendo aqui não é poda dos galhos, é desmatamento”, completa.

Segundo a presidente, a Copel chegou a ser comunicada sobre a falta de cuidados durante os serviços, em reunião conjunta no fim do ano passado. O pedido dos moradores foi para que um fiscal acompanhasse as equipes terceirizadas – o que não teria sido atendido.

Cabos rompidos

Claudemir Leindecker, proprietário da empresa que oferta serviço de internet e telefone na Ilha, afirma que a instabilidade foi gerada por um rompimento em parte dos cabos de fibra ótica e que a companhia continua fazendo os reparos.

“Alguns galhos caíram em cima da nossa rede e tivemos pontos de rompimento. Como não podemos nos deslocar para lá com carro ou viaturas, o pessoal que vai tem que andar com os equipamentos, e isso não é fácil. Claro que é preciso fazer a poda, até porque eles crescem e dá muita falha de energia, mas o problema é como fazer essa poda”, acrescenta o empresário.

Fotos e vídeos encaminhados à reportagem mostram fios rompidos e galhos acumulados. Em uma das filmagens, moradores mostram o que seria a Trilha do Poste, com cabos caídos e sem passagem por causa dos galhos deixados para trás.  

A Prefeitura de Paranaguá não retornou aos questionamentos do Plural. Após a publicação da reportagem, a Copel encaminhou nota explicando que profissionais do setor de Gerenciamento da Vegetação da companhia estiveram na Ilha do Mel no último final de semana para averiguar o trabalho da empresa contratada para fazer poda da vegetação próxima à rede de energia na região.

O texto diz que o material lenhoso resultante do serviço é mais volumoso que o das podas anteriores porque, devido à pandemia e consequente fechamento da ilha, o intervalo entre as podas foi aumentado. Mas, segundo a Copel, a empreiteira fará a trituração do material e dará destino adequado ao rejeito. A nota ainda informa que “os trabalhos de poda são sempre acompanhados por um fiscal do Instituto Água e Terra residente na Ilha do Mel e também por um técnico florestal da Companhia” e que “a determinação da Copel é para que as intervenções sejam mais frequentes e que se evite realizá-las em dias próximos dos finais de semana”.

A companhia não se pronunciou, no entanto, sobre os cabos de internet e telefonia danificados.

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