Ônibus, mesmo com problemas, será trunfo de Greca na eleição

Prefeito assina nesta quarta lei que cria bilhete único na cidade

Rafael Greca (DEM) assina nesta quarta-feira uma lei que cria duas novidades importantes para os ônibus de Curitiba. Permite a passagem mais barata fora do horário de pico e cria, finalmente, o bilhete único na cidade.

Será o primeiro passo da campanha de reeleição do prefeito. Greca deverá usar o ônibus como um dos principais argumentos para conquistar seu terceiro mandato. Dirá que pegou um sistema sucateado e o transformou. Não é bem assim – mas é o que o marketing imagina para a campanha.

Greca começou seu segundo mandato aumentando drasticamente a passagem de ônibus. Subiu de R$ 3,70 para R$ 4,25 em uma paulada só, alegando que não tinha como ser diferente. Fez a lição de Maquiavel: o mal, se necessário, deve ser feito de uma vez só.

Depois disso, o prefeito só fez um pequeno reajuste em 2019, no terceiro ano de mandato, para R$ 4,50. A tarifa continua uma das mais caras do país. E a frota segue com mais de duas centenas de ônibus com a idade limite estourada. Além disso, o ônibus perde passageiros todos os meses.

Como é que mesmo assim a prefeitura acha que existem motivos para transformar isso em argumento de campanha?

O primeiro argumento será o da manutenção da tarifa praticamente no mesmo patamar durante o mandato. Para isso, Greca conseguiu a ajuda de Ratinho Jr. (PSD), que do nada anunciou um subsídio de R$ 150 milhões para o transporte coletivo de Curitiba, justamente nos dois anos finais do mandato do atual prefeito.

Além disso, Greca jogou pesado para eliminar custo com pessoal: fez um acordo que permite eliminar 500 cobradores ao ano do sistema. Mas se pegou pesado com os trabalhadores, foi amigo dos empresários, que não têm nem de longe do que reclamar do prefeito.

As duas novas mudanças não chegam a solucionar o gargalo do ônibus a tarifa mais barata em horários de pouco uso deve aumentar ligeiramente o total de passageiros. Dá discurso, mas dificilmente reverte a perda de público. Até porque a tarifa, no máximo, deverá cair para R$ 4. Para uma época de crise, continua cara.

O bilhete único é mais importante. Permite ao passageiro usar mais de um ônibus com a mesma tarifa, mesmo descendo fora de terminais. Outras cidades adotam isso faz tempo, com sucesso. Gustavo Fruet (PDT) resistiu a fazer o óbvio durante quatro anos. Greca acordou aos 44 do segundo tempo.

O discurso dos ônibus novos é o mais curioso. A compra de frota é obrigação legal das concessionárias. Mas nunca se fez tanta propaganda de que algo exigido por lei está sendo feito. E, diga-se, feito pela metade: as empresas estão longe de trocar todos os ônibus que deviam e continuam fazendo com que os passageiros andem em latas velhas.

Se o discurso de Greca vai pegar, não se sabe. Mas todas as fichas do prefeito estão no transporte público.

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