Homem negro impedido de entrar em bar por causa da roupa vence processo

Segurança do James Bar alegou que cliente seria “confundido com segurança”

Em julho de 2017 Juliano Trevisan, à época com 27 anos, saiu do trabalho e se dirigiu ao bar James, em Curitiba, para se divertir. Foi impedido de entrar porque, segundo a gerência do local, as roupas dele poderiam fazer os clientes acharem que era um dos seguranças. Trevisan, que é um homem negro, percebeu que o problema era outro.

Ele processou o estabelecimento tanto criminalmente – por racismo, já que outra pessoas que estavam na fila usavam trajes parecidos – camisa e calça pretas, quanto na esfera cível. O processo por racismo foi arquivado porque a Justiça entendeu que não houve crime. Civilmente a compreensão foi outra e a decisão favorável à Trevisan por danos morais saiu no fim do ano passado. O James Bar terá de pagar R$ 10 mil em indenização por danos morais.

Em choque

Formado em Direito, atualmente Trevisan atua na área de marketing e mesmo tendo conhecimento da lei à época do fato, afirma que ficou em choque quando percebeu o que estava acontecendo. “Eu não consegui reagir na hora. A decisão não fala de racismo, mas entramos com o processo porque foi isso que aconteceu. Essa vitória não é minha, mas serve como um alerta para todas as pessoas negras”, disse ao Plural.

Relembre o caso

Ao ser proibido de entrar no estabelecimento, Trevisan e os amigos deixaram o local. Depois disso ele fez um post nas redes sociais que repercutiu muito. Também pelas redes sociais, o James reconheceu a conduta inadequada – embora não negue a motivação racial na situação.

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“Infelizmente, ocorreu um episódio do qual devemos nos retratar e esclarecer o que aconteceu. Estamos muito chateados e envergonhados. Na noite de quinta-feira (13/07/2017), o Juliano foi equivocadamente informado que não poderia entrar no bar por conta do que estava vestindo. Essa foi uma atitude errada e que não condiz com o que acreditamos.

[…] Ontem falhamos nessa missão por causa de uma atitude arbitrária dos funcionários envolvidos. Nossa decisão, portanto, foi desligá-los de nosso quadro, para que isso nunca mais ocorra.

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Nota

Após a publicação da reportagem a assessoria de imprensa entrou em contato com o Plural e enviou uma nota na qual diz que:

[…] Reafirmamos que o James Bar é uma empresa que não só preza pela diversidade cultural, mas que tem como valor maior o acolhimento de todas as pessoas, principalmente das que historicamente tem seus direitos e sua humanidade negados pela sociedade, seja por causa de sua raça, origem cultural e geográfica, ou identidade de gênero. Nosso público e nosso staff – de seguranças a artistas que se
apresentam no James – refletem esse valor. No James não toleramos racismo, machismo, homofobia, transfobia, gordofobia ou qualquer outro tipo de discriminação. Somos antifascistas e antiracistas [sic].
Nos colocamos à disposição do Plural, de todos os veículos de imprensa e a quem queira se informar a respeito do ocorrido, para explicar nosso posicionamento sobre o caso, e também esperamos que Plural, fazendo uso de seus meios de comunicação e adotando a prática do bom jornalismo, inclua este posicionamento em sua matéria e seus desdobramentos.”

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