Mural com imagem de Ray Charles no Centro de Curitiba é apagado de vez

Painel gigante tem o mesmo destino de seu irmão gêmeo, que retratava Jack Nicholson no filme "O Iluminado"

O mural com a imagem do cantor Ray Charles sorrindo, que se tornou um ícone do Centro de Curitiba na última década, foi definitivamente apagado nesta quarta-feira (8). O painel, que ficava na lateral do edifício A Muralha, na Marechal Deodoro, foi coberto por tinta branca durante o dia.

Há três semanas, o condomínio começou a pintar a parede lateral, uma empena (parede lisa, sem janelas), alegando que o painel de Ray Charles já estava desgastado e que o estacionamento de dois andares construído ao lado estava obstruindo a visão da obra de qualquer maneira. Desde lá, a Fundação Cultural de Curitiba se ofereceu para intermediar uma solução que mantivesse o painel, mas aparentemente não houve uma proposta que resolvesse a situação.

O painel de Ray Charles foi pintado em 2013 por Leandro Cínico, como parte de um projeto financiado pela própria Fundação de Curitiba, coordenado por Celestino Dimas. O outro painel do projeto, que retratava o personagem de Jack Nicholson em “O Iluminado”, pintado por Eduardo Melo, o “Artestenciva”, foi apagado no fim de 2022.

Agora, dos três painéis gigantes da mesma safra, sobrou apenas um que retrata uma cena de um filme de Woody Allen, na lateral da Biblioteca Pública do Paraná. Esse, pintado pelo próprio Celestino Dimas, foi financiado pela iniciativa privada.

Sobre o/a autor/a

5 comentários em “Mural com imagem de Ray Charles no Centro de Curitiba é apagado de vez”

  1. Carlos Roberto do Rego

    Em Curitiba parece que tudo se degasta; desgasta a arte, desgasta a tolerância, desgasta as ideias, desgasta a sociedade que só tolera o que for do seu agrado. Uma cidade sem pluralidade não produz arte, não constrói identidade. É uma pena um povo que se diz acima do seu tempo não abrir os olhos para a universidade criativa. A arte é global, é transparente, e deve ser por isto que muitos não conseguem enchergar a sua importância e grandiosidade.

  2. Essa cidade não gosta de arte! Não merece murais lindos, merece pixo mesmo. Começar a fazer painéis e murais somente nos subúrbios, que é onde mais carece de arte.

  3. Ele não fez sozinho, contou com a experiência do “Fuja”, que participou ativamente das 2 pinturas em escala monumental, e não recebeu um centavo pelo trabalho, e nem foi mencionado, isso é uma vergonha… o Luiz Ferreira da Silva Junior, mais conhecido como Fuja fez parte do projeto, e sacaram ele como autor da Obra… lamentável como tudo neste país de gente oportunista…

  4. Romeu Gomes de Miranda

    Ray Charles é uma referência negra e se os brancos não sabem ainda, sua presença altiva , diariamente no cenário da cidade, FAZ MUITO BEM PARA A ELEVAÇÃO DA NOSSA AUTOESTIMA TÃO REBAIXADA nesta capital que se pretende Européia. Deixem em paz o que nos faz bem à alma e ao coração.Já nos roubaram tantas referências. BASTA!

  5. Lucas Guerreiro

    “Só trabalho sem diversão faz do Jack um bobão”. Era o que dizia o mural com o Jack Nicholson, que me lembre. Outro dia encontrei um texto do Paulo Leminski que falava sobre a “mística do trabalho” em Curitiba. Fiquei pensando se as coisas podem estar ligadas. O ato de eliminar obras artísticas da paisagem me parece combinar bem com a tal mística obsessiva, que parece não suportar oportunidades de desfrute estético durante o cotidiano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima