Em meio a tantas contas e com produtos ficando cada vez mais caros, a energia elétrica também terá aumento de preço. A luz se junta aos combustíveis, IPVA, IPTU e compras do supermercado, que tiveram crescimento nos valores. A crise hídrica, mesmo com os reservatórios em recuperação por conta das chuvas, ainda gera grande impacto no setor. Por isso, no último dia 14, o governo federal publicou um decreto no qual permite que as companhias de energia contraiam empréstimos, compensando as perdas durante a crise.
O valor total do empréstimo deve chegar a R$ 6 bilhões, menos da metade dos estimados R$ 15 bilhões pelas concessionárias. O problema é que a conta da energia vai subir para “ajudar” as empresas a pagar o valor do empréstimo. Esse não foi o único empréstimo/custo a afetar a conta de luz. Em agosto de 2021, o governo passou a cobrar uma taxa extra de R$ 14,20, que anteriormente era de R$ 9,49. O valor da taxa será pago até abril.
Com a crise hídrica, as produtoras de energia precisaram recorrer a energias como as das termelétricas, que são mais caras. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pedia uma taxa extra de mais de R$ 20 para arcar com os custos, o que foi negado pelo governo. O valor do empréstimo também foi reduzido pois o governo argumenta que as fortes chuvas estão reabastecendo as hidrelétricas e ajudando a cobrir o rombo das produtoras.
Em novembro de 2021, a Aneel estimou que o ajuste médio das contas de luz para 2022 seria de 21%, e que o serviço deve subir mais ao longo do ano. Guilherme Marques Moura, doutor em Desenvolvimento Econômico e professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo (UP), explica que o governo está tentando criar outras formas de favorecer as empresas, como linha de créditos e subsídio, para tentar não onerar tanto o consumidor.
“O governo também está tendo uma pressão para ter um aumento menor. A expectativa é que talvez não chegue a esses 21%, mas com certeza vai ser um aumento considerável. Baseando-se na inflação do ano passado, que fechou em mais de 10%, na minha opinião é que tenha um aumento nessa margem.”
Guilherme conta que o empréstimo é uma maneira de amenizar a crise que as produtoras de energia estão passando desde 2020. “O custo aumentou, e o governo começou a emprestar dinheiro para essas distribuidoras. Só que uma hora essa conta tem que fechar. Existe essa pressão muito grande para um reajuste de fato, que seja permanente. Tivemos a inclusão da bandeira emergencial, só que ela é uma tarifa temporária. Isso não afeta a geração de renda das empresas, elas acabam continuando gerando menos quando essa tarifa acabar. Então a expectativa de um aumento para esse ano.”
Tem como economizar?
“A grande questão da energia elétrica é que todo mundo usa”, expõe o economista. “Toda vez que o consumidor vai na padaria, por exemplo, a padaria para fazer os produtos, também utiliza luz. Então ela vai pagar a mais na luz e vender os produtos mais caros. Todos os negócios vão ter um aumento de custo e vão repassar isso para o consumidor, o que chamamos de efeito cascata. Tudo vai ficando mais caro, e no final o consumidor vai pagar mais por todos os bens, incluindo a conta de luz.”
O especialista dá dicas de como economizar energia, mas alerta para não gastar em outros setores visando a economia de luz. “Muito cuidado principalmente com o chuveiro, que costuma ser o vilão na conta. No verão é um pouco mais fácil, você tem a opção de mudar o chuveiro para o modo verão. Também há casas em que se liga muito o ar condicionado, o que aumenta o gasto. Tentar usar menos os produtos elétricos, tirar produtos que você não está usando da tomada, por exemplo. O problema é economizar de um lado e gastar no outro. Por exemplo, substituir o micro-ondas pelo fogão, economiza energia, mas gasta no gás, que também está aumentando de preço continuamente. Infelizmente não está tendo muito para onde correr.”
Discordo dos argumentos expostos na matéria, pois a Copel, por exemplo, tem tido lucros bilionários, favorecendo os acionistas com a distribuição de dividendos e com generosa participação nos lucros aos seus colaboradores.
Portanto, sob o aspecto financeiro puro, seria desnecessário até a cobrança de tarifa extra, mas, infelizmente, sempre querem achar um jeito de espoliar, ainda mais, o já tão surrado consumidor!