Estudantes criam grupo no WhatsApp para fazer ataques racistas contra colega negro

Caso aconteceu na Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, em Curitiba; alvo dos ataques tem apenas 11 anos

Um estudante de 11 anos está sendo vítima de racismo na Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, que fica no bairro Novo Mundo, em Curitiba. Colegas de turma criaram um grupo de WhatsApp no qual compartilham xingamentos racistas contra a criança.

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De acordo com a mãe do menino, Patrícia Marluce, a direção da escola foi comunicada. “Fizeram uma reunião comigo e registraram uma ata. Depois disso fiquei sabendo de xingamentos feitos pessoalmente e quis incluir a informação na ata, mas a diretora não tratou isso como algo importante”, critica.

Nas mensagens trocadas entre os estudantes do 7º ano matutino da escola estão ofensas como “cabelo munição de churrasqueira”, “múmia de fita isolante”, “judeu pós-forno”, “para-choque da Rotam”, e outros (confira imagem nesta página).

Racismo

A mãe do estudante soube da existência do grupo na última quarta-feira (28) e, até a segunda (3), os pais e responsáveis dos autores dos ataques racistas não haviam sido chamados na escola. Ao Plural, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que está ciente e que o Núcleo Regional da Educação do Pinheirinho “acompanha o caso”. Além disso, sobre a comunicação para os pais dos autores do ato racista, a SME afirmou que está prevista uma reunião, embora não tenha dito a data.

Um boletim de ocorrência será registrado junto à Polícia Civil (PC) ainda nesta semana, assim que toda a identificação dos estudantes for encaminhada aos investigadores.

Panvel

Essa não é a primeira vez que o estudante passa por caso de racismo. Embora tenha apenas 11 anos, é um menino alto – tem 1,80 metro, o que pode causar a impressão de ser mais velho. “É um menino alto e retinto, então eu sei que não foi a última vez que isso [racismo] acontece com ele”, desabafa a mãe.

Em outubro do ano passado, o estudante foi seguido e abordado por um segurança da farmácia Panvel. Nesta ocasião, a Polícia Civil foi informada. A mãe da vítima disse que não obteve novas informações acerca do andamento das investigações.

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O Plural questionou a Polícia Civil sobre o caso da farmácia Panvel, mas até o fechamento deste texto não havia respostas sobre a conclusão do inquérito ou indiciamento do segurança.

A SME afirmou que existe o projeto “Curitibinhas na Inclusão, Bullying não”, que é aplicado nas escolas municipais. A pasta enviou um link para a reportagem de um texto na página da prefeitura que fala que o projeto “tem material próprio e busca sensibilizar os estudantes da rede por meio da reflexão e da execução de medidas educativas”, mas não respondeu se a equipe da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli teve acesso ou treinamento para lidar com situações de racismo.

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