Dona Tereza e Seu Feliciano, do Terreiro Pai Tomé e Mãe Rosária, recebem título de cidadãos honorários do Paraná

O terreiro recebe gente de toda Curitiba e até de outros estados, em busca do aconselhamento das entidades incorporadas pelo casal, justamente Pai Tomé e Mãe Rosária

Feliciano Rodrigues e Tereza Rosa de Oliveira, o pai Tomé e a mãe Rosária, recebem nesta quinta-feira (30) a cidadania honorária do Paraná, na Assembleia Legislativa, um reconhecimento pelos trabalhos prestados há mais de 50 anos. A homenagem será entregue às 18 horas.

O casamento

O senhor Feliciano tem 78 anos e é natural de Presidente Venceslau, em São Paulo. Ele sempre teve proximidade com o espiritismo, já que seu pai era kardecista.

Já dona Tereza tem 72 anos e é de família católica – a família esperava que ela se tornasse freira.

Eles se conheceram em 1967, numa quermesse da Igreja católica. O namorico logo ficou série e eles se casaram em 1969. A família cresceu – seis filhos – e em 1973 todos se mudaram para o Paraná.

A primeira moradia no Estado foi na cidade de Paranavaí, região noroeste. Foi lá que o casal conheceu a Umbanda e seu Feliciano começou a frequentar o terreiro de Pai Felipe de Aruanda, onde recebeu a missão.

Logo eles se envolveram nas atividades do terreiro e, na década de 80, o casal já auxiliava quem precisava de ajuda espiritual om benzimentos e atendimentos. Em 1982 ergueram o próprio terreiro, ainda em Paranavaí.

Rapidamente o terreiro se tornou referência para o fiei da Umbanda e o casal começou a atender gente de todo Estado, incluindo Curitiba. Por conta de um atendimento realizado na capital em 1986, a família decidiu se mudar de vez.

A família morou de favor, e Seu Feliciano, que trabalhava como pintor, teve intoxicação por produtos químicos. Isso gerou dificuldade financeira para a família, que ainda teve de sair do local onde moravam porque as atividades religiosas estavam “incomodando”.

Cabana Pai Tomé e Mãe Rosária

O despejo os levou até a rua Diogo Pinto de Azevedo Portugal, 271, Abranches, onde até hoje está estabelecido o terreiro. “É um quilombo. Todo mundo mora aqui”, observa seu Feliciano. O terreno, além do casal, abriga filhos e filhas, esposas, maridos e netos.

Dona Tereza, por sua vez, raramente deixa o local. As saídas de resumem a uma ida ao mercado.

Seu Feliciano, diagnosticado com glaucoma, não enxerga. Apesar disso circula pelo terreno da família – que é íngreme e tem muita vegetação – sem nenhuma dificuldade.

O terreiro recebe gente de toda Curitiba e até de outros estados, em busca do aconselhamento das entidades incorporadas pelo casal, justamente Pai Tomé e Mãe Rosária.

Às 14 horas, de segunda a quinta-feira, o atendimento é feito por ordem de chegada. Eles mantêm uma página nas redes sociais para informar sobre os horários das demais atividades realizadas no terreiro.

O auxílio espiritual dado pelas entidades é comprovado por meio de diversas mensagens escritas a mão e envidadas ao endereço. “Não sou eu quem pede, não. É a entidade”, pondera seu Feliciano.

Uma moça agradece pela cura de um problema de saúde. Um homem pela melhora na situação financeira. Os pedidos e os agradecimentos enchem uma pasta, guardada bem ao lado de imagens sagradas no terreiro.

Patrimônio cultural

O terreiro fica num local, que, segundo prefeitura, não pode abrigar moradia por questões ambientais. Os sacerdotes recebem auxilio do Centro Cultural Humaitá, que acompanha a questão junto aos órgãos responsáveis.

“Nós estamos pedindo também o tombamento do terreiro como patrimônio cultural de Curitiba. É uma luta muito grande”, observa Adegmar Silva, o zelador Candiero, que também acompanhou o trâmite para aprovação da cidadania honorária para seu Feliciano e dona Tereza.

A proposta da cidadania para o casal foi feita pelo deputado estadual Goura (PDT). Embora os projetos tenham tramitado separadamente, as entregas serão feitas juntas, no plenário da Alep.

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