Deltan Dallagnol é eleito deputado federal após campanha com batalhas judiciais

Com 95% das urnas apuradas, Deltan Dallagnol tem mais de 320 mil votos e está eleito para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados

Com mais de 320 mil votos e 95% das urnas contabilizadas, o ex-procurador da República (2003 a 2021) Deltan Martinazzo Dallagnol (Podemos), de 42 anos, foi eleito deputado federal e ocupará uma das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, em 2023. Dallagnol teve uma campanha marcada por batalhas judiciais, a última delas a cinco dias das eleições, em que foi condenado pela ministra Maria Claudia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pagar multa de R$ 5 mil à Justiça Eleitoral por propaganda antecipada negativa contra o ex-presidente Lula (PT), em um vídeo publicado por Deltan Dallagnol, em abril deste ano, na pré-campanha.

Para os coordenadores da campanha do petista, o vídeo continha trechos descontextualizados em ofensa à imagem de Lula. A juíza do TSE também determinou que o conteúdo postado em redes sociais saísse do ar em 48 horas.

Deltan Dallagnol

Alguns dias antes, em 21 de setembro, a Justiça Eleitoral do Paraná acatou a denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), sob a alegação de suposta propaganda eleitoral irregular, e determinou que Dallagnol retirasse do ar um vídeo publicado nas redes sociais dele, em que se referia ao Supremo Tribunal Federal (STF) como “a casa da mãe Joana”. A juíza auxiliar Melissa de Azevedo Olivas considerou a afirmação um ataque ao Poder Judiciário brasileiro.

Lava Jato

Em agosto houve uma outra derrota do deputado federal eleito, em que o Tribunal de Contas da União (TCU) considerou que ele havia praticado improbidade administrativa e o condenou a pagar mais de R$ 2,8 milhões de ressarcimento em diárias e passagens da Lava Jato. Segundo o tribunal, Dallagnol não justificou tecnicamente o gasto com diárias e passagens de procuradores que foram deslocados à Curitiba para atuar na operação.

O recurso apresentado pela defesa do ex-procurador contra o julgamento foi negado pela segunda câmara do TCU, em seis de setembro. Mas, em 19 de setembro, a Justiça Federal do Paraná suspendeu, em caráter liminar, a condenação do TCU. Em decisão assinada pelo juiz Augusto César Pansini Gonçalves, da 6ª Vara Federal de Curitiba, o processo teria violado o princípio da ampla defesa e do contraditório e Dallagnol teria sido condenado por fatos que não constavam inicialmente no processo.

STJ

Também em plena campanha, em nove de agosto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recursos e manteve a decisão que determinou que o ex-procurador terá de indenizar o ex-presidente Lula por dano moral, em R$ 75 mil, adicionados de juros e correção monetária, o que deve passar dos R$ 100 mil, segundo o ministro relator do caso, Luís Felipe Salomão.

O processo envolve o famoso caso do PowerPoint, em que, durante entrevista coletiva concedida pela força-tarefa da Lava Jato, em 2016, Deltan encabeçou a apresentação do que seria a primeira denúncia contra o ex-presidente Lula.

Trajetória midiática

O então jovem procurador Deltan Dallagnol liderou a operação Lava Jato, aqui em Curitiba, de 2014, quando foi criada, até setembro de 2020, quando abriu mão do posto. À época,  Dallagnol alegou que deixava o posto de coordenador da Lava Jato para se dedicar a um tratamento médico da filha, que tinha menos de dois anos de idade.

Cinco meses após a saída de Dallagnol, alguns integrantes da força-tarefa passaram a fazer parte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público (Gaeco). E, assim, a operação que começou em 2014 investigando lavagem de dinheiro em um posto de gasolina em Brasília, condenou 174 pessoas no Brasil e envolveu 12 presidentes e ex-presidentes na América Latina, entre eles o líder do PT, terminou, sem holofotes e tendo suas próprias investigações sob suspeita.

Em novembro do ano passado, pouco mais de um ano após deixar a coordenação da Lava Jato, Dallagnol pediu exoneração do Ministério Público Federal, onde atuou por 18 anos, e se filiou ao Podemos no mês seguinte, em dezembro de 2021.

Em 11 de agosto de 2022, a Dallagnol registrou sua candidatura a deputado federal pelo Podemos/PR na Justiça Eleitoral. Ele declarou um patrimônio de 2,7 milhões de reais, coincidentemente o valor equivalente ao que ele foi condenado pelo TCU a devolver, e declarou ter acumulado 49% de seus bens até 2011, antes de assumir o comando da Lava Jato em Curitiba.

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