A Copa do Mundo feminina começa no dia 20 de julho, na Austrália e na Nova Zelândia. Por causa do fuso-horário, as partidas da seleção brasileira na primeira fase acontecem às 7h e às 8h da manhã. No entanto, o horário é apenas um dos empecilhos para o “clima de Copa” em Curitiba.
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Como as partidas ocorrem pela manhã, os bares – que tradicionalmente exibem jogos de futebol em um evento importante como o mundial – não estarão abertos. Por outro lado, estabelecimentos que têm um posicionamento mais progressista também não prepararam nenhuma programação para o mundial.
No governo do Paraná e na Câmara Municipal de Curitiba ainda não há previsão de ajuste de horário para que os funcionários possam acompanhar as partidas – bem diferente do que ocorre na Copa do Mundo com a seleção masculina. Na Câmara, está prevista iluminação especial durante o mundial e a prefeitura não vai alterar o expediente.
Na Assembleia Legislativa, a deputada Mabel Canto (PSDB) protocolou requerimento pedindo a mudança do expediente, como ocorreu na Copa do Mundo masculina, no ano passado.
Copa do Mundo
A reportagem do Plural ouviu equipes de marketing e recursos humanos de empresas de Curitiba sobre a Copa do Mundo feminina. Algumas pessoas relataram que não há qualquer movimento para marcar a data (como o uso de bandeirinhas do Brasil para decorar os ambientes de trabalho, por exemplo), muito embora a Copa do Mundo seja a competição mais importante do futebol – não só masculino, mas também feminino.
Uma busca rápida nos e-mails e na web por eventos ligados à “Copa do Mundo feminina” mostra que há uma disparidade evidente de atenção entre as competições feminina e masculina. No caso das mulheres, apenas empresas grandes citaram o evento – algumas delas são patrocinadoras do evento. E há a Panini, que produz o álbum oficial de figurinhas, como faz no mundial masculino. Reduzindo o escopo para Curitiba, os eventos se tornam ainda mais escassos. Mesmo estabelecimentos locais que têm posicionamento mais progressista não anunciaram nada específico para o Mundial.
Bem diferente, é claro, do que ocorre quando a busca na web ou nos e-mails é feita por “Copa do Mundo”, apenas. Em e-mails enviados ao Plural no ano passado, quando ocorreu a competição masculina, há mais sugestões de pauta do que uma pessoa é capaz de processar. Dicas de pratos para degustar durante as partidas, de como as empresas podem lucrar com a Copa, também detalhes sobre alterações nos horários de funcionamento, bolões etc. De Curitiba, diversas opções para assistir à Copa do Mundo do Catar, drinques, premiações, decorações.
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Clima de Copa
Na Copa do Mundo de 2023, a seleção brasileira estreia na segunda-feira (24), às 8h (horário de Brasília), contra o Panamá. As outras duas partidas ocorrem no dia 29 de julho e no dia 2 de agosto, contra França e Jamaica, respectivamente.
Embora falte pouco tempo para o início da competição, não há nenhum sinal do “clima de Copa” que ocorre quando são homens praticando o esporte.
De acordo com a professora Fernanda Ribeiro Haag, que é mestra em História Social e pesquisa futebol feminino, os esportes em geral são espaços voltados para a hegemonia masculina. “Pensando no esporte em si, ele se constituiu como um espaço de hegemonia masculina, ou seja, feito por homens e para homens. Mulheres não são normalmente convidadas para este espaço, elas precisam conquistar esse espaço”, explica.
Machismo
Numa perspectiva mais ampla, segundo a pesquisadora, ações de mulheres são menos consideradas que ações de homens devido ao machismo. Para manter essa ordem, existem mecanismos sociais. No caso da Copa do Mundo o silenciamento é um deles. “Invisibilizar a prática esportiva feita por elas, das mais diferentes formas. E aí quando a gente não dá bola para uma Copa do Mundo, pensando em mídia, torcida, comércio, a gente está reproduzindo esse mecanismo de silenciamento”, diz Haag.
A Copa do Mundo feminina será transmitida pela Rede Globo, maior emissora do país, e também pela CazéTV, do produtor de conteúdo Casemiro Miguel. Além disso, os grandes portais esportivos também têm dado mais atenção à competição.
Mesmo assim, vários dos responsáveis pelos estabelecimentos ouvidos pelo Plural relataram que precisavam pesquisar horários dos jogos ou confessaram que não sabiam que a Copa feminina estava para começar.
Vai ter Copa
A ministra do Esporte, Ana Moser, apesar de ser alvo do Centrão pela disputa de espaço no primeiro escalão, vai acompanhar a Copa do Mundo pessoalmente. Durante o evento na Austrália e na Nova Zelândia, ela vai reforçar a candidatura do Brasil para sediar a Copa feminina em 2027.
A escolha da sede será feita no ano que vem, mas o processo de articulação com delegados de vários países é importante no processo. O Brasil disputa com outras três candidaturas: Holanda, Alemanha e Bélgica pleiteiam a função de sede pela Europa. Estados Unidos e México estão juntos em torno de uma candidatura da América do Norte. E há ainda a África do Sul.
A decisão da Copa do Mundo de futebol feminino está marcada para 20 de agosto, no Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália.
Serviço
24/07 – Brasil x Panamá | 8h (horário de Brasília)
29/07 – França x Brasil | 7h (horário de Brasília)
02/08 – Jamaica x Brasil | 7h (horário de Brasília)