É Copa do Mundo, amigo! (Será?)

Tudo que você precisa saber para acompanhar o mundial de futebol das mulheres, que será realizado na Austrália e na Nova Zelândia

Falar sobre a íntima relação do Brasil com o futebol é chover no molhado. Em época de Copa do Mundo vemos as ruas pintadas, a venda de televisões tende a aumentar, as camisas amarelas (ou azuis, para evitar confusões ideológicas) desfilam pelas ruas, bolões são organizados, instituições se preparam para a paralisação durante os jogos da seleção, o churrasco e a cervejinha estão a postos. Bom, no próximo dia 20 de julho começa a Copa do Mundo, você reparou se toda essa preparação está acontecendo? Ou está no time dos que se perguntam: “Que Copa? A do Catar acabou de acontecer, a próxima só em 2026!”.

Quando falo da Copa, me refiro à nona edição do Mundial de futebol das mulheres, que será realizado na Austrália e na Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto. Além da novidade de dois países dividindo a sede, é a primeira vez que o torneio será disputado no Hemisfério Sul e com 32 países participantes. De 1991, data da primeira edição, até 2023, muita coisa se transformou no futebol feminino. Basta pensar que os jogos de 1991 duravam 80 minutos e não os 90 tradicionais — um resquício das noções de que o corpo da mulher não era adequado para jogar bola.

Copa do Mundo

Além disso, a modalidade superou inúmeros desafios e obstáculos e hoje está mais próxima de uma profissionalização, ao menos para as atletas de alto rendimento. Também houve um crescimento significativo dos públicos nos estádios e da audiência televisiva. Mais e mais pessoas se interessam, acompanham e assistem aos jogos. Logo, o interesse e o investimento dos patrocinadores aumentou consideravelmente, e a própria cobertura midiática se desenvolveu, em termos quantitativos e qualitativos. O futebol feminino saiu de um lugar de exotismo e objetificação para uma cobertura efetivamente preocupada com o esporte. Não à toa, também, vemos muito mais mulheres no jornalismo esportivo, ambiente que por muito tempo foi de domínio masculino.

Futebol feminino

Quer dizer que “chegamos lá”? Que o futebol feminino está plenamente desenvolvido? Não. Ainda há muito para ser feito. Para ficar no âmbito da Copa do Mundo, vale apontar que a seleção jamaicana precisou fazer uma vaquinha para cobrir os custos da viagem, no valor de 175 mil dólares. As jogadoras da África do Sul boicotaram o último amistoso antes do mundial, pois acusaram a Federação de não repassar o valor mínimo que a FIFA destinou a cada atleta participante da Copa.

Aqui, no Brasil, ao contrário, não tivemos problemas com a delegação ou com a estrutura: após décadas de negligência, a CBF fez um planejamento adequado. As jogadoras tiveram voo fretado, traje de viagem específico para elas e todo o acompanhamento do Departamento de Saúde e Performance da entidade. Por outro lado, onde estão as bandeirinhas verde e amarelas nas ruas? A atmosfera contagiante de Copa do Mundo? A sua empresa vai liberar os funcionários para assistir às partidas? Você já organizou o bolão com os amigos e as amigas?

Boa parte do público ainda não está no clima de Copa, talvez nem entre. A marca de moda feminina Amaro realizou uma pesquisa interna em suas mídias digitais e constatou que apenas 43% do seu público — composto majoritariamente por mulheres — pretende acompanhar os jogos da seleção, porcentagem que chegou a 71% no mundial do Qatar. Isso sem nem comentar os comentários machistas que visam apenas diminuir e insultar o torneio (e ainda alegam, de maneira hipócrita, gostar de futebol…).

Mundial 2023

É preciso reverter esse quadro a partir de uma perspectiva coletiva, com ações das instituições esportivas (federações, clubes, gestores etc.), da mídia, dos patrocinadores e também de nós, torcedores. E, para colaborar com isso, trago algumas informações que podem te ajudar a acompanhar melhor essa Copa!

1) Quais são as seleções favoritas?

Inglaterra, Alemanha e Espanha. EUA, mesmo em período de renovação, sempre pode ser perigoso.

2) Ué, cadê o Brasil?

A seleção brasileira corre por fora, não entra como favorita na competição, mas vem de uma ascendente depois de vencer um amistoso com a Alemanha e empatar a finalíssima com a Inglaterra.

3) Alguém pode surpreender?

Ainda correndo por fora, devemos ficar ligados na França, no Canadá — e na Austrália, que pode incomodar por jogar em casa.

4) Quem são as jogadoras brasileiras que se destacam?

Muita atenção para os seguintes nomes: Geyse, Ary Borges e Kerolin. Esse trio ofensivo tem tudo para brilhar no Mundial. E não podemos esquecer da experiência, com Debinha, Andressa Alves e Bia Zaneratto e, claro, a rainha Marta, que vai disputar a sua última Copa do Mundo — além do título, a craque pode aumentar o recorde de gols feitos em mundiais.

5) Onde posso assistir aos jogos?

A Globo transmitirá sete jogos na televisão aberta, com a expectativa que sejam os da seleção brasileira, mas, em caso de eliminação, seguirá transmitindo uma partida de cada fase do mata-mata. No SporTV, o público poderá ver 34 partidas, incluindo todos os jogos do Brasil. Mas se você quiser acompanhar todos os 64 jogos da Copa, a CazéTV (aqui) fará a transmissão no seu canal do YouTube.

Como diria o jargão: É Copa do Mundo, amigo! Então, vamos aproveitar!

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