Caos em UTIs pode levar pacientes do PR a outros estados

Reabertura precoce de atividades não essenciais é criticada por Ministério Público e deputados

A decisão do governador Ratinho Jr. (PSD) de encerrar precocemente o período de restrições sanitárias, mesmo durante o pior período da pandemia no estado, pode levar pacientes do Paraná a serem atendidos em outros estados. A abertura de hospitais de emergência também poderá ser exigida do governo.

O Ministério Público entrou nesta segunda (8) na Justiça exigindo saber quais medidas serão tomadas para garantir atendimento aos pacientes de Covid. A medida foi tomada depois do anúncio por parte de Ratinho, na sexta-feira (5), de que as medidas mais duras contra o coronavírus serão encerradas já nesta semana, apesar de o estado seguir com média de 98% de ocupação dos leitos. A fila de pacientes à espera de um leito, nesta segunda, passou de mil pessoas.

Inicialmente, os promotores fizeram perguntas para saber como o governo pretendia lidar com a situação. Sem respostas, o caso foi levado à Justiça. O objetivo é buscar garantir atendimento de urgência e de emergência a pacientes que aguardam por leitos de UTI e enfermaria, seja com a criação de hospitais de campanha ou com a transferência de pacientes para outros estados.

Medida criticada

A decisão de Ratinho de liberar mesmo atividades não essenciais foi criticada por deputados de oposição como incoerentes. “Mesmo dizendo que as coisas vão piorar, o governador diz que a partir de quarta-feira tudo está liberado. É contraditório”, disse Tadeu Veneri (PT).

Ainda para Veneri, a liberação de atividades tem a ver com o vice-governador, Darci Piana, ser presidente licenciado da Fecomércio-PR. “É oportuno liberar, mas tudo indica que o governador perdeu o momento e não tem mais um projeto estratégico”.

O deputado Goura (PDT) liga a ascensão da pandemia no Paraná à aproximação do governador com o governo de Jair Bolsonaro. “Ele está alinhado com o presidente, seja por conveniência ou falta de visão e compreensão históricas”, disse. Ainda para Goura, o Paraná tem sido um laboratório do bolsonarismo, mas em termos de políticas de saúde pública, esse alinhamento é perigoso, “pois estamos falando de vidas perdidas, mais de 12.400 aqui no Paraná”, afirmou.

A deputada Luciana Rafagnin (PT), liga a normalização à vacina e fiscalização. “Só tem como falar em volta ao normal quando a população estiver vacinada e quando houver uma cobrança, uma fiscalização mais rígida das leis sanitárias e das restrições”, disse. 

Vacina para normalizar é também o que espera o deputado Tião Medeiros (PTB), que diz que o Governo do Estado deveria estar preocupado com a compra de imunizantes. Segundo ele, “já que agora os estados podem, todo o mais é paliativo”.

Já para o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB), o Governo do Estado está “tentando equilibrar os cuidados com a saúde e com o funcionamento da economia”. Mas, para ele, os cidadãos também têm culpa no aumento dos casos. “É preciso que cada um assuma responsabilidades em cuidar da própria vida e da de outros”.

Ainda, Romanelli liga os efeitos da pandemia ao governo federal. “Um caos patrocinado pelo presidente da República e seu negacionismo com a gravidade da doença. O péssimo exemplo de Jair Bolsonaro não pode ser ignorado”.

Líder de Ratinho na Assembleia, Hussein Bakri (PSD), apoia a reabertura, porque segundo ele, vários setores, principalmente o comércio, continuam sofrendo. “Por isso, poderão voltar a funcionar dentro de regras rígidas e com colaboração de todos em relação aos protocolos sanitários”.

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2 comentários em “Caos em UTIs pode levar pacientes do PR a outros estados”

  1. Francisco Chicão somavilla

    A falta de planejamento e organização para o combate à pandemia é a marca registrada dos governos federal, estaduais e municipais (com raríssimas exceções) . Não é possível entender tal situação.
    O governo federal deveria disponibilizar recursos financeiros para sobrevivência das micro, pequenas e médias empresas e auxiliar os trabalhadores informais para então fazer um lockdown com maior eficiência.
    Não temos Ministro da Saúde e nem Presidente à altura do que exige o momento.

  2. Sobre essas falas de “ dentro de regras rígidas e com colaboração de TODOS em relação aos protocolos sanitários” , estamos carecas de saber que não funcionam! Afinal de contas como foi que chegamos nessa situação! ?

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