Candidatos fazem petição para que prova da OAB deste domingo seja facultativa

14 mil pessoas estão inscritas no exame no Paraná

A realização do XXXII Exame de Ordem Unificado, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no próximo domingo (13), em 170 cidades brasileiras, movimentará 218.903 pessoas pelo país. A aplicação da prova neste momento, em que grande parte dos Estados estão sofrendo com a lotação de unidades hospitalares e altas taxas de contaminação, preocupa os candidatos. 

Entre os quase 14 mil inscritos só no Paraná está a bacharel em Direito Marjorie Schwab, de 23 anos, que questiona a realização do exame no atual cenário da pandemia no país, defendendo a realização facultativa do exame. 

Marjorie explica que, em maio deste ano, a OAB abriu um prazo para que as pessoas pudessem optar pela não realização da prova. No entanto, “foi um prazo curto para 220 mil pessoas e aconteceu em um momento totalmente diferente do que o que a gente se encontra agora”.

Vendo que diversas pessoas tinham o mesmo entendimento, a bacharel, que não irá participar do exame, decidiu abrir um abaixo-assinado solicitando que seja reavaliado e reaberto o prazo para que os inscritos possam optar pela prova facultativa, a fim de reaproveitar a inscrição para o próximo exame.

“As pessoas vem todo dia no meu Instagram reclamar da situação das cidades delas, seja no Nordeste, no Centro-Oeste, no Norte, está impraticável. Elas estão com medo, mas não querem perder o dinheiro da inscrição. São 260 reais, é mais do que um auxílio emergencial.”

O bacharel em Direito Vinicius Pedroso de Moraes, de 22 anos, é uma das 1.546 pessoas que assinaram a petição de Marjorie. Para ele, este é um momento muito delicado para a realização de um evento envolvendo tantas pessoas como o exame da OAB.

“A prova já foi adiada em situações muito menos complicadas do que a que a gente está passando agora. Eu não acho que foi por acaso que a prova caiu no mesmo final de semana do dia dos namorados. Acho que eles [OAB] perceberam que perto de datas especiais o Governo alivia a restrição e aí eles marcaram agora para conseguir realizar a prova”, avalia.

Sem resposta da OAB sobre uma possível reabertura do prazo, Vinicius ainda não decidiu se irá ou não realizar a prova. “O que se percebe é que a OAB está tratando com total descaso a opinião dos inscritos na prova dela. É uma instituição que daqui a pouco a gente vai fazer parte, e essa relação fica bem complicada.”

Nas redes sociais, examinandos também cobram uma reposta da entidade nacional, que, no entanto, permanece em silêncio. “Não é o momento para estar realizando a prova, afinal, quase todos os estados estão com mais de 90% dos leitos de UTI ocupados, o número de mortes diária está, pelo segundo dia consecutivo, acima dos 2.500 mortos, e essa semana, em um único dia, foram contabilizadas mais de 90.000 infecções pela Covid. Por esse motivo, gostaria de pedir, encarecidamente, a reabertura do prazo para a não realização do exame, para assim não perder meus suados 260 reais, será que vocês têm humanidade pra fazer pelo menos isso? Já que, absurdamente, esse exame será realizado? Grato!”, diz um usuário no post da OAB no Instagram.

Outras pessoas relatam que, mesmo infectadas, irão realizar a prova: “Nos grupos que participo vários estão com sintomas e irão para não perder o dinheiro”. E ainda: “Eu fui diagnosticado hoje mas irei pra prova, é só manter distância.”

Conforme o edital da OAB, são cerca de 350 locais de provas, sendo oito deles em Curitiba. O exame terá cinco horas de duração e será realizado das 13 às 18h. Os candidatos só podem deixar a sala após duas horas do início do exame e o caderno de provas poderá ser levado para casa faltando uma hora para o término do teste.

Procurada pelo Plural, a entidade informou que a data de realização da primeira fase do exame está mantida para o dia 13 de junho e que durante a realização da prova serão obedecidos os critérios especificados na Cartilha de Prevenção da Covid-19.

Publicado nesta terça-feira (8), o documento elaborado pela OAB e pela Fundação Getúlio Vargas – responsável pela aplicação do exame – sugere a entrada escalonada dos examinandos nos locais de prova, além da aferição de temperatura e uso de álcool em gel. O uso da máscara também é obrigatório, no entanto, ela “poderá ser de tecido ou de qualquer outro material, incluindo o modelo de máscara N95”. Como já comprovado por pesquisas, máscaras de tecido tem apenas 40% de eficácia na contenção do vírus.

A cartilha também prevê nos locais de aplicação de prova a necessidade do distanciamento social entre as carteiras das salas e os devidos cuidados de ventilação.

Reportagem sob orientação de João Frey.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima