Três histórias de amor desses tempos estranhos

Neste dia dos namorados o Plural traz histórias para aquecer o coração dos leitores neste período difícil

Se há casais que romperam na pandemia, há aqueles que o isolamento só estreitou os laços afetivos. Neste dia dos namorados o Plural traz histórias para aquecer o coração dos leitores neste período difícil.

Joyce in the sky with diamonds

Primeiro dia morando juntos. Julian Martinez, 26 anos, e Joyce Tambosi, 27 anos. Foto: Arquivo pessoal.

O empresário Julian Martinez, de 26 anos, morava em São Paulo quando recebeu um convite para a festa de aniversário de uma amiga, em Curitiba. Ele topou – coisa possível no mundo como era antes – e, no bar onde foi a festa, conheceu a assessora, Joyce Tambosi. A “ficada” de uma noite tomou novas proporções quando, no dia seguinte, os dois voltaram a se encontrar na casa da amiga em comum. Para Joyce, o reencontro com Julian foi uma cena de filme: todos na sala, ele tocando Beatles no violão, um sonho. Depois disso, os dois passaram a conversar diariamente sobre todos os assuntos necessários para que pessoas que já viveram um par de décadas possam se conhecer bem. 

Julian veio para Curitiba, Joyce foi a São Paulo até que, na volta da última viagem, ao entrar num vôo cheio de protocolos de segurança, ela se deu conta da realidade da  pandemia e de uma de suas principais consequências: o isolamento social. Julian havia marcado um retorno à capital paranaense, já no meio da pandemia, teve que adiantar a viagem em dois dias por causa do cancelamento de voôs e restrições nos aeroportos. Os dois não queriam deixar de se ver. Alugaram um Airbnb e conviveram juntos por 14 dias, já que ela estava impossibilitada de voltar para sua casa com medo de uma possível infecção de seus parentes. Depois dessas duas semanas de convivência intensa, os dois passaram a namorar oficialmente. Após deixarem o Airbnb, o empresário passou quase uma semana na casa da mãe de sua amada, enfrentando a “brabeza” da sogra já no começo do relacionamento. 

Depois de cerca de cinco meses na ponte aérea Curitiba-São Paulo, o casal decidiu se estabelecer definitivamente na capital paranaense, numa casa só para eles. O mesmo catalisador que adiantou a união das escovas de dente também trouxe ao recente casal os dilemas da relação que chegam um pouco mais tarde. Por conviverem muito um com o outro, é normal que surjam conflitos, porém, eles sempre tentam achar um meio termo para os dois por meio do diálogo: Joyce e Julian acreditam que amor é paciência, compreensão e saber lidar com o outro. 

De repente, “casados”

Victoria Capelli e Henrique Ferreira, ambos com 23 anos, ainda com as caixas da mudança. Foto: Arquivo pessoal.

A estudante de administração Victoria Capelli e o estudante de economia Henrique Ferreira – ambos no alto de seus 23 anos – também se aproximaram ainda mais com o período de isolamento social. Eles se conheceram ainda no ensino médio, mas só foram namorar depois que saíram da escola. Victoria relata que a ideia de morar juntos já existia, mas ficava naquele canto onde ficam as ideias que são sempre deixadas para depois. Isso até o coronavírus chegar, trazendo, sem informar ao casal, uma mudança nos planos. 

Com a quarentena, Henrique começou a frequentar mais a casa de Victoria, que já morava sozinha há um tempo. Ele intercalava temporadas na casa da namorada com alguns dias na casa dos pais. Os dias passaram e esse retorno foi acontecendo cada vez menos e, quando se deram conta, já estavam até dividindo as contas e tarefas domésticas. 

Victoria acredita que por já serem grandes amigos há tempos e sempre conversarem bastante, não houve uma mudança muito grande na relação dos dois, mesmo com as alterações de rotina, e que o maior desafio foi organizar uma vida a dois, visto que eles tinham hábitos diferentes. Porém, ela afirma que com o diálogo tudo se resolve. Para os dois, oficializar a união é algo para o futuro, quando estiverem formados na faculdade. Por enquanto, está tudo ótimo do jeito em que está.

Amor sem fronteiras – mas com as fronteiras fechadas

Casamento no civil. Sil Takazaki, 46 anos, e Eva Aro, 39 anos. Foto: Arquivo pessoal.

As professoras Sil Takazaki, 46 anos, e Eva Aro, 39 anos, se conheceram em 2019, em Madrid. Sil foi à Espanha para estudar quando conheceu Eva, uma espanhola que a encantou. Começaram a namorar e passaram a morar juntas de dezembro a março de 2020 – mês em que a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia do coronavírus. Sil voltaria para o Brasil em abril, mas com a pandemia e os fechamentos das universidades, sua volta foi adiantada para março. As duas compraram passagens, porém, por um acaso, a data do desembarque coincidiu com o fechamento das fronteiras brasileiras para turistas estrangeiros. Essa coincidência fez com que as duas passassem meses separadas. 

De março a agosto, o único contato do casal foi via aplicativos de videoconferência. Eva estava durante todo esse período de malas prontas, apenas esperando pelo momento de abertura das fronteiras. Nesse momento, as duas encontraram apoio em uma campanha da internet chamada “Love is Not Tourism” (“Amor não é turismo”), que buscava pressionar a liberação do fluxo entre pessoas que estavam em um relacionamento. Até que o momento do reencontro chegou. Em agosto de 2020, Eva e Sil estavam novamente juntas. Eva relata que foi um momento muito especial e muito bonito, pois conseguiram algo que, por muito tempo, parecia muito difícil. Para estabelecer a presença de Eva no Brasil, as duas decidiram se casar oficialmente. Foi uma cerimônia pequena, no cartório, com apenas o juiz e duas testemunhas, mesmo assim, aquele momento foi único. O início de uma vida juntas. Para elas, todos esses desafios foram determinantes para que deixassem tudo às claras sobre o que esperavam da relação, o que fortaleceu ainda mais a união das duas. 

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