A vereadora de Curitiba Carol Dartora (PT) protocolou um documento na Promotoria de Direitos Humanos Criminal do Ministério Público com a identificação de 26 perfis autores de atos racistas contra ela. A assessoria jurídica do mandato identificou 25 crimes de ameaça, calúnia, injúria e injúria racial. Ao todo foram entregues 88 páginas ao MP. A denúncia é assinada pela parlamentar e pela advogada Alice Dandara de Assis Correia, além do procurador-chefe da Câmara Municipal de Curitiba, Ricardo Tadao Ynoue. A investigação será coordenada pelo Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial.
A denúncia foi feita depois que a vereadora foi alvo de ameaças e racismo pelas redes sociais. Ela havia participado do ato em memória de Moïse Kabagambe, jovem congolês assassinado ao cobrar salário atrasado, e Durval Teófilo Filho, morto pelo vizinho quando chegava em casa. Ambos os crimes ocorreram no Rio de Janeiro.
O ato ocorreu no sábado (5) em frente à Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, e parte dos manifestantes entrou no local, onde houve uma fala por cerca de dez minutos. Dartora ficou do lado de fora, mas mesmo assim foi envolvida na polêmica.
Conforme apurou o Plural, foram identificados ao menos 25 fatos criminosos, mas o número de ofensas dirigidas a parlamentar – a primeira mulher negra a ocupar o cargo na capital paranaense – foi bem maior. “Por questões de interpretação não conseguimos tipificar os crimes em várias mensagens”, explicou Dartora.
Segurança
O mandato vai traçar estratégias para reforçar a segurança da vereadora. Uma das mensagens dirigida à parlamentar era categórica: “você não dura dois meses”. A segurança da Câmara de Vereadores está ciente da situação e está à disposição de Dartora.
Nos bastidores da Câmara, há expectativa de tensão para a sessão de segunda-feira (14), porque grupos bolsonaristas se organizam para acompanhar os trabalhos parlamentares e protestar.
“Não vou me calar”
Apesar dos ataques, a vereadora disse que não haverá mudanças no planejamento do mandato – ela anunciou que vai concorrer ao cargo de deputada federal recentemente – e que não vai se intimidar.
Não foi a primeira vez
Poucos dias depois de ser eleita, em 2020, Carol Dartora recebeu um e-mail com palavras racistas, contendo seu endereço residencial e ameaçando matá-la. A polícia investiga o caso, mas até o momento o autor não foi identificado e ninguém foi preso.
Durante a campanha eleitoral, a então candidata, também recebeu vários comentários racistas em publicações nas suas redes sociais.