Ratinho faz 90 dias de governo. Você se lembra de algum avanço?

A tal da nova política era meramente um slogan, como já sabia qualquer pessoa alfabetizada no tema

Eis que o governo de Ratinho Jr. (PSD) vai completando três meses neste fim de semana. Claro que, qualquer julgamento a essa altura é precipitado. O governador ainda tem 45 meses para fazer algo (inclusive para fazer bobagem, vá saber). Mas o fato é que, por enquanto, o governo não tem grande coisa para mostrar.

Roberto Requião (MDB), em 2014, copiou uma brincadeirinha que de vez em quando é usada em época eleitoral. Perguntou quem se lembrava de um programa do governo de Beto Richa (PSDB), seu oponente à época. Quem se lembrasse de um único programa que funcionasse, levaria uma barra de ouro.

Beto, àquela altura, tinha tido quatro anos (e não se sabia que o pior estava por vir). Ratinho só teve 90 dias. Mas responda rápido: você se lembra de um único programa que o governador tenha lançado até agora e que pareça bacana, promissor, uma inovação qualquer.

Até agora, o governo viveu de marketing e de ações isoladas, às vezes sem muita repercussão. Ratinho foi aos EUA. Curtiu um mercado sem caixas. Prometeu ter um escritório do Paraná no Vale do Silício, sabe-se lá para quê (seria legal primeiro levar ações do governo a Pitanga ou Coronel Vivida, por exemplo).

O governador também anunciou que abriu mão de um jatinho alugado. Ok, bacana como símbolo, mas convenhamos, não resolve nada. Assim como não resolve nada o suposto fim das aposentadorias de ex-governadores daqui para diante. Beira-se a demagogia e passa-se longe da inovação prometida.

A tal da nova política era meramente um slogan, como já sabia qualquer pessoa alfabetizada no tema. A relação com a Assembleia, por exemplo, continua exatamente a mesma. Ratinho apontou a dedo o presidente do Legislativo e foi ainda mais longe, se metendo na eleição da CCJ, coisa que seus antecessores jamais fizeram.

Para quem prometia uma nova era, a nomeação de oito ex-deputados para cargos comissionados também foi um péssimo começo. Não há como andar no Palácio e nas repartições sem esbarrar em políticos sem voto, agora aposentados em belas sinecuras.

A reforma administrativa, grande baluarte da administração, é outra decepção. Feita com base em um relatório plagiado que mais parece um TCC, criou um monte de superintendências para o lugar de secretarias, empilhou assuntos nas mãos de um só secretário e economizou quase nada. Capaz de a propaganda da economia ultrapassar a economia.

Na formação do secretariado, nenhuma inovação. Ratinho nomeou políticos sem conhecimento de causa para pastas e colocou um empresário sem passagem pelo setor público na educação, desprezando o conhecimento dos milhares de professores e professoras que tem à disposição.

Como Beto Richa (PSDB), seu parceiro até a queda, Ratinho faz um discurso pró-mercado, com preferência por empresários, falando em PPP da hora que acorda até a hora em que dorme. Promete levar adiante uma estrada que desmatará tudo e prejudicará as populações nativas só para beneficiar um porto de um multimilionário.

Para fazer isso, desmantelou o Conselho do Litoral. Outras estruturas também foram para o vinagre, como a TV Educativa, que simplesmente está transmitindo programação de fora, tendo demitido o pessoal que fazia os programas locais.

Não há nenhuma inovação em relação ao governo de Beto, exceto pelo fato de que não há chunchos e trambiques no noticiário o dia todo, nem o Gaeco batendo na porta (tem que manter isso aí, governador).

De resto, Ratinho faz propaganda da boa situação financeira do estado – que foi obtida pelo ajuste fiscal do antecessor – e mesmo assim diz que não tem como dar reajuste aos servidores.

Ainda faltam 45 meses. Dá para fazer algo. Até agora, no entanto, a coisa não parece muito promissora. Vai ver, o melhor está por vir.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima