Mulheres negras fazem carta por Mariana Lopes na Igualdade Racial

Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial será comandada pela deputada federal eleita Leandre Dal Ponte (PSD), que é branca. Mas movimentos querem mulher negra em superintendência

Ratinho Jr. (PSD) nunca foi um defensor dos direitos humanos e por essa razão está com dificuldade para alocar aliados na recém-criada Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial do Estado. Movimentos sociais de negritude defendem o nome da advogada Mariana Lopes, de Curitiba.

O primeiro deslize do governador foi nomear Rogério Carboni como secretário, um homem branco. A pasta também teria em seu staff o ex-deputado Fernando Francischini (União Brasil), cassado por propagação de informações falsas. Ambos foram exonerados.

Neste ínterim, Ratinho Jr. tentou unir o útil ao agradável (para ele) e indiciou a deputada federal eleita Leandre Dal Ponte (PSD). Dal Ponte não tem afinidade com questões de pessoas racializadas, embora tenha sido responsável pela expansão das procuradorias da mulher em todo Paraná. A nomeação de Dal Ponte permite que o suplente do PSD, Reinhold Stephanes, assuma a vaga na Câmara em Brasília.

Mulheres negras

A estrutura da Secretaria da Mulher e Igualdade Racial diretorias ou superintendências, que devem nortear as ações da pasta. Para uma delas figura o nome da advogada Mariana Lopes, do PSB.

Mestre em Direitos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), Mariana ganhou grande exposição no ano passado, após ser vítima de racismo por uma funcionária do INSS em Curitiba.

A sugestão do nome da advogada por movimentos sociais tem cerca de 500 adesões e ao Plural ela disse que se for convidada deve aceitar a tarefa. “Não esperava por esse movimento pelo nome, mas se for designada pelo governador e pela secretária Leandre me sinto pronta e preparada tecnicamente para exercer com ética e competência esse cargo, representando pessoas negras, indígenas e quilombolas. Ficarei muito feliz se mulheres me apoiarem e representarei todas. Lembremos: quando uma chega lá, todas chegam com ela”, disse.

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Outro nome que circulou foi o do presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial (Consepir), Saul Dorval, mas que enfrenta resistência dos movimentos de negritude.

O Plural ouviu membros de movimentos sociais que afirmaram ter sofrido pressão de Dorval para que o documento que pede a indicação de Mariana Lopes para integrar a secretaria. Questionado, Dorval negou e disse que apenas sugeriu que Lopes pudesse ser alocada na Justiça, já que é da área do Direito, mas disse que apoia a indicação do nome.

Dal Ponte, por sua vez, não quer se manifestar até ser empossada deputada federal, pedir licença e assumir a Secretaria, o que deve acontecer no início do próximo mês.

Leia a carta de apoio à indicação da advogada:

A criação da Secretaria Estadual da Mulher e da Igualdade Racial, ao que tange a Diretoria da Igualdade racial, é um grande avanço para as estruturas sociais do estado, e foi originada a partir de demandas dos movimentos socioculturais com o objetivo de fomentar políticas públicas propositivas e afirmativas, no sentido de fortalecer a valorização identitária dos povos negros no Estado do Paraná. Essas políticas visam atender as necessidades das comunidades tradicionais e quilombolas para a efetiva consolidação dos direitos constitucionais da população negra paranaense, o livre acesso ao direito pleno da Igualdade de oportunidades na participação em espaços de poder, de representatividade e visibilidade do povo preto.

 É com esse objetivo que pessoas, ONGs, instituições representativas de classe e movimentos socioculturais do Estado, referendam o nome de Mariana Lopes para assumir a Diretoria da Igualdade Racial na Secretaria da Mulher e Igualdade Racial do Estado do Paraná. Veja a íntegra aqui.

Mariana Lopes tem experiências em gestão de políticas públicas para a Promoção da Igualdade Racial: Graduada em Direito pela Universidade Veiga de Almeida, realizou algumas especializações em Direito e Processo Penal e Direito das Mulheres; Mestra em Direitos Humanos e Políticas Públicas PPGDH da PUC Paraná, Doutoranda em Direito Do PPGD da PUC Paraná e pesquisadora do Capes. Atualmente é Ouvidora geral da Associação Brasileira dos Advogadas Criminalistas Nacional, Conselheira Titular da OABPR, Membra da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica -Comissão PR, Assessora Especial de Direito e Processo Penal da ABMCJ Nacional, Membra da Comissão Nacional da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB, Diretora de assuntos Institucionais da Abracrim Mulher Nacional. Foi Presidente da Comissão das Mulheres Advogadas da OABPR, atuando ativamente do Projeto Paridade e Cotas Raciais na OAB, resultando numa grande conquista para todas as mulheres negras e negros na estrutura da Ordem. “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Angela Davis.

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