Pelo menos um deputado governista saiu da sessão desta quarta-feira da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara com a impressão de que a Reforma da Previdência naufragou. Para Paulo Martins (PSC), a sessão foi a prova de que o governo não está em condições de levar a reforma adiante.
“Depois do que ocorreu hoje durante a sessão da CCJ, sinto que a reforma da previdência foi para o espaço. Que Deus tenha misericórdia desta nação”, disse o deputado no Twitter no início da tarde, quando a votação já havia ficado para a semana que vem.
Integrante titular da CCJ e liberal de carteirinha, Paulo Martins é defensor da proposta original de Paulo Guedes, e sentiu que o projeto está sendo desfigurado com as exigências que o Centrão está fazendo para que a matéria passe na CCJ.
“Se estão negociando emendas na CCJ, que devia julgar só a admissibilidade, o que sobrará para negociar mais adiante? Não vai sobrar gordura nenhuma”, disse o deputado em entrevista por telefone ao Plural.
PP e PR estão fazendo pressão para que o relatório na CCJ já modifique o projeto de Paulo Guedes, principalmente nos itens que mudam a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Por isso, a reforma não teve a primeira votação nesta quarta.
Paulo Martins diz que nem se pode colocar a culpa nos líderes indicados por Jair Bolsonaro (PSL) para a Câmara. “Não sei se eles têm condição de liderar, no sentido de conseguir que o governo atenda os deputados. E não estou nem falando de atender pedidos ilícitos, mas sim de atender demandas legítimas”, afirmou.
Segundo ele, no governo de Michel Temer (MDB), durante negociações importantes, o líder na Câmara ligava para um ministro “e o ministro parava tudo para atender o deputado”. “Isso não acontece hoje. O governo não compreende essa necessidade de articulação. Inclusive criminalizaram a palavra articulação”, afirmou.
Para Martins, é parte do jogo que um deputado peça prioridade a um projeto ou que o governo se comprometa com uma emenda, uma obra. “Não estamos falando do lado policial, isso nem me diz respeito”, disse. “Mas o governo simplesmente não entendeu que o Parlamento é seu cliente, e que é preciso atender o cliente para que o acionista, que é o povo, receba o produto.”
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