Curitiba terá primeiro prédio que neutraliza carbono emitido durante a construção

Compensação das emissões de CO2 será feita a partir da proteção de 50 mil m2 de floresta no litoral do Paraná

Diante do impacto ambiental causado pelas obras da construção civil, gradativamente surgem, no setor, alternativas sustentáveis para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. É o caso, por exemplo, do primeiro empreendimento residencial do Brasil que compensa o CO2 emitido em sua fase de construção, por meio da proteção de 50 mil metros quadrados de Mata Atlântica. O Árten, edifício lançado no ano passado em Curitiba, será entregue em 2023. 

A iniciativa das empresas Altma, HIEX e RAC Engenharia pretende compensar 100% das 2.640 toneladas de CO2 emitidas na construção do prédio. Para isso, será feito um investimento na manutenção dos estoques de carbono presentes na Reserva Natural das Águas, da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação (SPVS), localizada em Antonina, no litoral do Paraná, onde também fica o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do país. Além disso, como parte da neutralização das emissões dos gases está a proposta de proteger 50 mil metros quadrados de floresta. 

2.640 toneladas

É a quantidade de CO2 que será emitida com a construção do edifício
Terraço do Árten. Foto: Divulgação

No caso do Árten, as 2,6 mil toneladas de carbono correspondem às emissões produzidas desde a extração da matéria prima usada na obra, passando pelo transporte desses materiais, até os últimos acabamentos instalados no edifício. O cálculo da difusão dos gases foi obtido através de uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) do empreendimento, que projeta os impactos ambientais causados pela edificação até a sua demolição.

Ainda incomum no Brasil, a avaliação do impacto ambiental causado pelas emissões geradas na fase da construção de um empreendimento geralmente é passada despercebida pelas empresas, que tendem a compensar os efeitos causados ao longo do tempo de uso das edificações. 

50 mil metros quadrados

É a área de floresta que será protegida na Reserva Natural das Águas

O diretor de desenvolvimento imobiliário da Altma Incorporadora, engenheiro civil Gabriel Falavina, afirma que não só os consumidores têm aderido aos produtos que investem em sustentabilidade, como também outras incorporadoras do setor se inspiram em práticas ambientalmente inovadoras. “Sem dúvida, o sucesso do Árten vai servir como diretriz para muitas outras construtoras e incorporadoras lançarem produtos que também sejam ambientalmente conscientes”, diz. “O mercado imobiliário tem alto impacto ambiental e, por isso, práticas conscientes de redução e compensação de danos no nosso setor serão fundamentais para o futuro do planeta.”

Apartamentos do Árten. Foto: Divulgação

Sustentabilidade 

Além da sustentabilidade, as práticas de redução e compensação de danos no setor imobiliário são premissas importantes do Árten. De acordo com a Altma Incorporadora, o projeto ambientalmente consciente surgiu do sonho das empresas [Altma, HIEX empreendimentos e Rac Engenharia], de fazer com que o setor da construção civil se transforme em referência no combate às mudanças climáticas. 

“Quando as pessoas pensam em sustentabilidade, automaticamente se pensa na parte ambiental. E poucas sabem que ela, na verdade, é um tripé, dividido em ambiental, social e econômica. Esse projeto mostra que é possível trazer soluções inteligentes e tecnologias que abraçam os três pilares de forma saudável. O cliente mora em um apartamento com despesas reduzidas e tem a certeza de estar fazendo a sua parte com o meio ambiente, enquanto a empresa contribui para o alcance das metas de redução de emissões, ajudando a combater as mudanças climáticas”, afirma a incorporadora, em nota.

Foto: Divulgação

Segundo a empresa, empreendimentos sustentáveis estão sendo cada vez mais procurados pela população. “Encontramos um público comprador (em acelerada expansão) que no seu filtro de busca por um imóvel não se limita apenas a metragem, preço e localização, ele também busca produtos que sejam compatíveis com seus valores, e cada vez mais a sustentabilidade é um deles.”

O Árten conta com placas fotovoltaicas, que trazem energia limpa para o condomínio – e fazem com que os moradores economizem em torno de 80% na conta de energia elétrica das áreas comuns -, fachada autolimpante, sistemas de reuso de água da chuva e horta comunitária.

Impactos da construção civil 

Num momento em que países do mundo inteiro se mobilizam para frear as consequências do ser humano nas mudanças climáticas, a construção civil passa a ser responsável, também, por desenvolver estratégias e mecanismos que mitiguem os efeitos causados pelo setor.

37%

Foi a quantidade de CO2 emitida pelo setor da construção civil em 2020

De acordo com o Relatório de Situação Global 2021 para Edifícios e Construção, da Aliança Global para Edifícios e Construção (em inglês, Global Alliance for Buildings and Construction – GlobalABC), publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2020, a construção civil foi responsável por 36% do consumo de energia, 37% de emissões de carbono relacionadas à energia e 50% do consumo de recursos naturais. E a perspectiva é que esses índices aumentem em 100% até 2060.

Dados do consumo de energia e emissões de CO2 na construção civil em 2020. Imagem: Relatório de Situação Global 2021 para Edifícios e Construção

Embora o nível de emissões dentro da construção civil tenha diminuído em 10% se comparado a 2019, ainda é preciso muito esforço para descarbonizar o setor e alcançar as metas estabelecidas pela Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21) em 2015.

A fim de direcionar o setor para a neutralidade de emissões até 2050, a Agência Internacional de Energia (AIE) estima que as emissões diretas de CO2 dos edifícios precisam, até 2030, cair em 50% e as emissões indiretas do setor de construção em 60%.

Além disso, todos os atores da construção civil devem aumentar em cinco vezes as ações de descarbonização do seu impacto.

O Árten

Endereço: Rua Dias da Rocha Filho, 239, Alto da XV

Preço: A partir de R$ 870.000,00

Tamanho das unidades: De 86 m2 até 175 m2

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