“Viva! 30 anos” exibe fotografias de Lenise Pinheiro sobre o Festival de Curitiba

Mostra celebra três décadas de trabalho da principal fotógrafa de teatro do país no evento mais importante do gênero

A exposição “Viva! 30 anos por Lenise Pinheiro” traz aos entusiastas das artes cênicas as fotos mais marcantes dos 30 anos do Festival de Curitiba. Lenise Pinheiro, referência em fotografia documental do teatro brasileiro, cobriu todas as edições para a “Folha de S.Paulo”. Seu olhar eternizou o que acontecia não só nos palcos, mas também nos bastidores. Das centenas de milhares de imagens do acervo de Pinheiro, 408 compõem a mostra, espalhada pelos espaços culturais da cidade de 29 de março a 29 de abril.

Como disse Ney Latorraca no livro “Fotografia de Palco” (Edições Sesc SP), “Lenise não apenas fotografa, mas contracena, respira junto com o ator e a luz”. Segundo Latorraca, em material da assessoria de imprensa, o trabalho de Pinheiro faz com que o teatro não perca sua memória: “Um registro das nossas emoções, com altíssimo nível. Seu foco conhece a alma dos personagens. São fotos dramáticas, alegres, tristes, ensolaradas e reveladoras, como é o teatro”.

Pinheiro conta que Iris Cavalcante e ela, curadoras da exposição,  escolheram as imagens com base nos olhares dos atores que provoquem eletricidade. Para elas, o caráter documental também extrapola fronteiras e recria um mosaico, como se todas as fotografias fossem de uma única e enorme peça teatral.

A inauguração da exposição, com 150 fotos, acontece no vão livre do Museu Oscar Niemeyer (MON) e conta com monitores e acessibilidade. Em horários agendados, as visitas terão audiodescrição e libras.

Uma linha do tempo situa o visitante na época em que a foi tirada, traçando um panorama da evolução das tendências artísticas e estéticas predominantes em cada momento da produção teatral nas últimas três décadas.

Mas o trabalho de Lenise não vai ficar parado no museu, vai se movimentar em intervenções pela cidade. As luminárias usadas na festa de abertura serão espalhadas pelo circuito do festival e algumas imagens serão impressas em tecido e colocadas nos teatros Guaíra e Guairinha, teatro da Reitoria e Alfaiataria. Além disso, em ao menos oito espaços do festival, as fotografias serão reproduzidas em lambe-lambes.

Emoções

Pinheiro se lembra com nitidez do telefonema que resultou no convite, em meados de 1991, para fotografar o primeiro Festival de Curitiba. Ela foi chamada para dar uma oficina de fotografia de palco, organizar duas exposições e cobrir a mostra oficial. “Nesse momento a construção da ópera de arame, ainda em prospecção. Um grupo de profissionais viajou a convite da direção do para conhecer a obra que veio a ser a coqueluche da primeira edição do festival, em 1992.”

De lá pra cá, muita coisa mudou na cena teatral brasileira. O Festival de Curitiba deslocou o eixo Rio-São Paulo, que dominava as artes cênicas, para a capital do Paraná. “O surgimento do novo polo cultural agregou dinamismo e trouxe novas perspectivas às temporadas”, diz a fotógrafa. 

Pinheiro conta que o mais longevo dos festivais de teatro propicia o acompanhamento da evolução pessoal e profissional dos seus pares de teatro: Isso gera um turbilhão de emoções e motivação em looping que só faz acelerar a minha capacidade de trabalho, pois a técnica foi aprimorada.” Em três décadas, Pinheiro saiu dos registros analógicos em preto e branco para os coloridos e desaguou na fotografia digital. “Essas transições, a meu ver, são momentos muito marcantes para uma fotógrafa apaixonada.”

Exposição

“Viva! 30 Anos”, de Lenise Pinheiro. Museu Oscar Niemeyer e intervenções pela cidade. 29 de março a 29 de abril.

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