Casal de viajantes evita o turismo óbvio no canal “Mundo sem fim”

Michele e o curitibano Renan estão na estrada há quase sete anos mostrando o lado B de destinos como Nova York, Moscou e Caracas

A viagem já dura mais de sete anos. Com destino primeiro à Argentina, saindo do Brasil, o engenheiro da computação Renan Greinert, de 36 anos, e a administradora Michele Martins, 37, deixaram caíram na estrada para viver uma vida nômade.

Os dois registram tudo no canal Mundo sem fim, no YouTube, levando os espectadores pelas ruas das cidades de forma natural e sincera. Não se trata de mais um canal de viagens com pontos turísticos manjados. Renan, Michele e o mascote Mucuvinha (um macaco de pelúcia) mostram o lado B das cidades e o dia a dia de quem vive viajando. Há, por exemplo, vídeos do casal em um supermercado da Venezuela, na periferia da Rússia e passando perrengues históricos, além de conteúdos com dicas de viagem de todos os tipos.

“Bastante gente pede pra mostrar os bairros pobres, a periferia. Esse aqui é um dos mais simples que a gente viu. Aqui não tem favela nos moldes brasileiros, o que acontece é que as pessoas moram nesses prédios da época da União Soviética”, explica Renan, caminhando por um bairro periférico de uma cidade Russa.

As experiências gastronômicas do casal também rendem muitos vídeos para o canal. De restaurantes baratos a comidas exóticas, os viajantes parecem ter provado de tudo. O espetinho de escorpião do Camboja até desceu bem – “parece um salgadinho” –, mas o ovo fecundado filipino deixou a desejar.

De mochilão nas costas e viajando preferencialmente por terra e mar, o casal evita pegar voos. A modalidade de transporte preferida é a carona, não apenas por ser de graça, mas por possibilitar contato com os locais e suas histórias. “A gente gosta de conhecer o caminho. Mesmo que digam ‘Ah, vocês vão cruzar essa parte que não tem nada’. A gente quer ver como é não ter nada, porque nesses lugares que não têm nada sempre têm uma história interessante”, diz o viajante em vídeo gravado na China.

Viagem pelo mundo

A ideia de uma longa jornada pelo mundo partiu do curitibano Renan, que ainda antes de conhecer Michele, viajou por 20 dias pelo Peru e pela Bolívia, e encontrou viajantes que estavam há meses na estrada. Descobriu que viajar poderia ser um estilo de vida e não apenas o que se faz nas férias do trabalho. “Decidi que na próxima vez que eu fosse demitido ou mudasse de emprego, eu iria tirar três meses entre um trabalho e outro pra viajar a América do Sul”, diz Renan, no vídeo “Nossa história”.

Nesse meio tempo, ele conheceu Michele e a convidou para a aventura. “Ele disse que tinha esse sonho e me aconselhou a começar a juntar dinheiro para a gente fazer essa viagem juntos”, diz Michele. Lendo livros de pessoas que viajavam há anos pelo mundo, o casal começou a se questionar: “E se a gente fizesse a América Central? E se a gente fosse para a África? E se a gente conhecesse a Ásia? Nosso sonho foi crescendo e decidimos englobar o mundo inteiro.”

Estabeleceram a meta de juntar US$ 30 mil (cerca de R$ 160 mil, em valores atuais) para uma viagem de três anos. Venderam tudo o que tinham e na última manhã em São Paulo, saíram com as mochilas e o colchão nas costas. O colchão foi o último item que restava da casa – e foi para doação.

Eles percorreram a América Latina, o sudeste asiático e cruzaram a Rússia. Estavam na Turquia, após 1.680 dias de viagem, quando o coronavírus surgiu na China. Ficaram isolados no país e conseguiram voltar ao Brasil com ajuda da embaixada. Mas tão logo as fronteiras reabriram, com a vacinação em dia, botaram a mochila nas costas mais uma vez.

Graças a uma herança e ao canal de vídeos, que tem mais de 800 mil inscritos, o casal pôde se manter na estrada por mais de seis anos. No momento, eles estão desbravando o Alasca no inverno. Escolheram um destino que estivesse com fronteiras abertas e com um percentual alto da população vacinada. Antes, passaram pelo Egito. A ideia de conhecer outros países africanos ficou pelo caminho, por enquanto, por causa da variante ômicron, de um golpe de estado e de uma guerra civil.

Streaming

Confira o canal Mundo sem fim, no YouTube.

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10 comentários em “Casal de viajantes evita o turismo óbvio no canal “Mundo sem fim””

  1. O mais interessante!?
    Eles são realmente pessoas do bem, simples e naturais. Cativam. Querem apenas viver o momento. Chega a ser poético… Despretensiosamente poético. Em um mundo tão tóxico, vaidoso e transbordando ostentação, o casal se destaca demais pela forma de gerar conteúdo.

  2. Acompanho eles também! Acho incrível a simplicidade deles, a maneira tranquila dele falar! Muito legal, vi todos os vídeos da Rússia onde irei agora em dezembro com meu filho.

  3. Ademir Teixeira Menezes

    Somos um casal de Rio grande ,já nao temos idade pra trás desbravando o mundo,acompanhamos as saídas do casal por vários países e agora temos eles como líder de mostrar o mundo sem sair de casa ,parabéns nossa casa sempre estará a disposição guando passarem por aqui abraço.

  4. Acompanho o canal deles a mais de 2 anos , posso garantir que o entretenimento e a qualidade do conteúdo entregue em cada vídeo é muito bom … Não é apenas um casal passeando é muita informação dativa de cada região , costumes entre outros , vale muito a pena , e basta 2 vídeos, para querer maratonar todo o canal

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