“Ilusões perdidas” lança olhar contemporâneo sobre clássico de Balzac

Adaptação de “Ilusões perdidas” é um dos filmes recentes mais importantes do cinema francês – vencedor do prêmio César, o Oscar Francês

“Ilusões perdidas”, em cartaz no Cineplex Batel, em Curitiba, passou feito um furacão pelo César, o Oscar francês, vencendo seis estatuetas, incluindo as de melhor filme, roteiro, ator revelação (Benjamin Voisin) e coadjuvante (Vincent Lacoste). Esse reconhecimento é merecido. Trata-se de um grandíssimo filme de Xavier Giannoli.

Honoré de Balzac (1799–1850), com suas cenas da província e da vida parisiense que compõem “A Comédia Humana” (nome dado ao conjunto de sua obra), fez de Lucien de Rubempré, protagonista de “Ilusões perdidas”, um de seus personagens emblemáticos.

O jovem talentoso, mas não bem-nascido, que deixa o interior em busca das luzes de Paris, adquire uma inesperada notoriedade e termina envolvido nas cruéis manipulações pecuniárias e políticas da aristocracia. Giannoli fez sua adaptação de época com um olhar contemporâneo, buscando a ressonância das ilusões perdidas de seu Lucien em relação ao mundo atual.

Letras

Giannoli era jovem, como Lucien, quando descobriu o livro. Estudava Letras e até onde se lembra, ao optar pelo cinema, guardava essa vontade de (re)contar a história do garoto ingênuo que se deixa deslumbrar pela corte. A perda das ilusões é um processo muito íntimo, doloroso, mas dois outros temas estão emaranhados no filme, como no livro.

As fake news não são uma invenção recente e o quarto poder – a imprensa – pode ser abusivo e corrupto mesmo quando afirma estar agindo em nome da verdade. Jacques Fieschi, que coassina o roteiro, tem sido parceiro de Giannoli e de Nicole Garcia na escrita de seus filmes. Fieschi e Giannoli mantêm a estrutura básica mas a expandem rumo à modernidade, ou atualidade.

“Ilusões perdidas”

Apaixonado por Louise de Bargeton, a quem dedica poemas na província, Lucien a segue em Paris, quando o marido descobre o envolvimento de ambos. Seu duplo sonho é acrescentar um perfume de nobreza (Rubempré) ao nome e ser reconhecido como autor. Vira crítico, e ferino, mas não percebe como é manipulado pelo mentor, o ardiloso Lousteau, e principalmente pela pérfida marquesa D’Espard, que comanda os jogos de salão.

Cheio de reviravoltas, o volumoso romance “Ilusões perdidas” é condensado num filme de duas horas e meia. Daria uma série, ou minissérie, mas Giannoli conseguiu o prodígio de manter a estrutura romanesca num relato mais enxuto. É para quem gosta de filmes caudalosos.

Onde assistir

“Ilusões perdidas” está em cartaz no Cineplex Batel, do Shopping Novo Batel. Confira os horários das sessões aqui.

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