Edwidge Danticat nasceu em Porto Príncipe, no Haiti, em 1969. É uma contista e autora premiada que venceu o National Book Critics Circle Award (algo como o Prêmio Jabuti dos Estados Unidos). Ela também já escreveu para publicações importantes como o jornal “The New York Times” e a revista “The New Yorker”. Apesar desse currículo, ela é ainda pouco conhecida no Brasil.
Porém, a Todavia acaba de publicar “Clara da luz do mar”, que Danticat escreveu em 2013. A ilustração da capa é da artista visual Giulia Fagundes e a singeleza da arte dialoga com a personalidade da protagonista da história, Claire Limyè Lanmè Faustin.
Aniversário
A obra começa e termina no mesmo ponto: o aniversário de 7 anos de Claire, que vive com o pai, o pescador Nozias. A mãe da menina faleceu durante o parto.
Pai e filha vivem em Ville Rose, um vilarejo pobre. A narrativa, porém, conduz o leitor para outras regiões do Haiti e demonstra que a desigualdade social não é exclusividade do Brasil.
Apesar do amor entre os dois, a menina viveu três anos na casa de parentes e o pai planeja entregá-la para uma mulher abastada a fim de lhe dar oportunidades melhores. O dilema permeia a relação.
Várias questões
De início, Danticat apresenta personagens fortes e levanta questões relacionadas com educação, sexualidade e direitos humanos. A impressão, às vezes, é de que não se trata de ficção.
O romance também tem amarras inteligentes. Histórias que, a princípio, não teriam coisas em comum. Porém, de maneira muito hábil, a escritora conduz todos os envolvidos para pontos que os unem: amor e dor.
Outro ponto muito positivo do livro é que, embora o enredo não seja linear, o texto flui bem. A leitura é fácil e envolvente.
Livro
“Clara da luz do mar”, de Edwidge Danticat. Tradução de Ana Ban. Todavia, 224 páginas, R$ 62,90 e R$ 39,90 (e-book). Romance.
Um livro excelente… O li na semana passada, e me emocionei com a história. A prosa da autora é mansa, deslizante, fluente; as diferentes partes do enredo se entrelaçam de um jeito muito próprio, num mosaico inteligente e profundamente humano.
Nunca havia lido, que me lembre, um livro que se passasse no Haiti. E a forma como o país nos é apresentado, nos permite conhecer um pouco mais sua realidade e cultura.