Carol Ito, Helô D’Angelo e Bebel Abreu expõem a masculinidade tóxica

Evento terá uma conversa com quadrinistas responsáveis por "Boy Dodói", HQ que será lançada nesta quinta-feira (7)

Com o objetivo de expor comportamentos machistas para evitar que eles sejam repetidos por mais uma geração, as quadrinistas Carol Ito e Helô D’Angelo e a editora independente Bebel Abreu criaram a obra “Boy Dodói”, que reúne histórias reais de pessoas que passaram por relacionamentos com homens que causaram algum tipo de sofrimento. O livro será lançado na próxima quinta-feira (7), às 17h30, na Bienal de Quadrinhos de Curitiba.

Tudo começou em abril deste ano, quando as artistas decidiram abrir uma chamada pública no Instagram para que mulheres e pessoas não binárias de todo o Brasil pudessem compartilhar suas vivências com boys dodóis – aqueles caras criados pelo patriarcado que reproduzem atitudes ligadas à irresponsabilidade afetiva, desonestidade, manipulação, egocentrismo, etc. Foram 307 relatos enviados.

Entre episódios doloridos, absurdos e tragicômicos (ou, na maioria das vezes, tudo isso junto), Ito, D’Angelo e Abreu perceberam padrões de comportamento que acabaram norteando a escolha dos 11 relatos presentes do livro. 

“Algumas delas apelidamos carinhosamente de ‘vampiro da autoestima’ (quando o boy não suporta ver a mulher se destacando no que quer que seja), ‘pôdi’ (falta de higiene pessoal e não realização de tarefas domésticas básicas), ‘mamãe mandou’ (quando o cordão umbilical com a mãe parece intacto na vida adulta) e ‘autoestima delirante’ (autoexplicativa), entre outras”, conta Ito.

História ilustrada por Carol Ito para a obra “Boy Dodói”. Imagem: Divulgação

Com as histórias selecionadas, as quadrinistas convidaram artistas de várias partes do Brasil, como Ale Kalko, Bennê Oliveira, Bruna Maia, Cecília Marins, Kael Vitorelo, Lila Cruz, Luiza Lemos, Marília Marz e Tai, para desenhar os relatos do livro com o intuito de agregar diversos olhares, traços e estilos à publicação. 

Além das 11 histórias, as artistas publicaram oito relatos curtos nas redes sociais que vieram por meio da chamada aberta. “Foi bem difícil escolher essas 19 pérolas da masculinidade frágil, mas conseguimos, com leituras individuais e uma reunião de dez horas regada a comidinhas, risadas, suor e sangue nos olhos.”

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De acordo com Ito, uma das pretensões de “Boy Dodói” é ser uma HQ que oferece acolhimento, leveza e afeto para as vítimas desses homens. “Um espaço de riso e choro compartilhado que tem potência de fazer as coisas mudarem”, nas palavras dela.

“Entendemos que o humor é uma ferramenta potente de comunicação e engajamento e a linguagem dos quadrinhos, com sua soma de arte e texto, alcança lugares interessantíssimos na mente humana. Não somos contra a masculinidade, claro, mas combatemos aquela que é tóxica. Para além da descontração e da ironia, queremos mostrar – e literalmente desenhar – que aquilo que o boy dodói faz também dói na gente”, afirma.

Carol Ito na Bienal

Quadrinista e jornalista, Carol Ito recebeu o prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2022, na categoria “Arte”, com o projeto “Três Mulheres da Craco”, que perfila em quadrinhos a história de três frequentadoras da Cracolândia, em São Paulo. Ela também foi a primeira mulher a desenhar ao vivo no programa Roda Viva, da TV Cultura, e é destaque na lista Forbes Under 30, da revista Forbes Brasil, na categoria “Literatura e artes plásticas”. 

Ito é autora da série de tirinhas “Novo Anormal”, divulgada nas redes sociais da Revista TPM desde 2020. Já publicou em veículos como “Piauí” e “Trip”. 

Quinta-feira (7)
  • Conversa “O corpo (é) político”, às 14h, no Auditório Antonio Carlos Kraide. Com Carol Ito, Helô D’Angelo, Kael Vitorelo e Triscila Oliveira, e mediação de Gabriela Borges. Acessível em Libras.
  • Lançamento de “Boy Dodói” às 17h30, no palco Ocupa. Com Carol Ito, Ale Kalko, Bebel Abreu, Cecília Marins, Helô D’Angelo, Kael Vitorelo, Marília Marz e TAI. 
  • Sessão de autógrafos às 18h30.
Sexta-feira (8)
  • Conversa “Sangue, suor e risadas: quadrinhos +18” às 19h30 no Cine Guarani. Com Carol Ito, Fábio Vermelho, Rafa Campos e Riot Sistah, e mediação de Dani Marino.
Sábado (9)
  • Sessão de autógrafos às 17h30.
Domingo (10)
  • Entrevista “Mina de HQ” às 14h30, no palco Ocupa, com Carol Ito e Helô D’Angelo.
Exposições
  • As exposições “Maria Erótica: outros erotismos” e “Charges e cartuns: crítica na ponta do lápis”, que contam com a participação de Ito, ficam em cartaz de 7 de setembro a 7 de novembro na Sala Domício Pedroso.

Bienal de Quadrinhos

A 7ª edição da Bienal de Quadrinhos de Curitiba vai de 7 a 10 de setembro, sempre das 11h às 20h, no Museu Municipal de Arte – MuMa (Av. República Argentina, 3430, próximo ao Terminal do Portão). Todas as atividades são gratuitas. 

Outras informações podem ser encontradas no site da Bienal. A programação completa pode ser conferida aqui.

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