Peça “Angels in America”, da companhia Armazém, soma 5 horas de duração

Versão de Paulo de Moraes para a obra-prima de Tony Kushner é uma das atrações da Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba

Um dos textos teatrais mais importantes dos últimos 50 anos, “Angels in America” é um díptico escrito por Tony Kushner nos anos 1990, dividido em “O Milênio se Aproxima (parte 1)” e “Perestroika (parte 2)”. Desde que foi encenado pela primeira vez, o texto recebeu os principais prêmios da dramaturgia americana – incluindo o Tony e o Pulitzer. Além de ter inspirado uma série produzida pela HBO com Al Pacino e Meryl Streep. Agora, a Armazém Cia. de Teatro retorna ao Festival de Curitiba para apresentar “Angels in America” na íntegra, com 5 (cinco!) horas de duração.

O espetáculo fará duas apresentações dentro da Mostra Lúcia Camargo, nos dias 9 e 10 de abril, no Guairinha. Dessa forma, as duas partes da montagem serão apresentadas em sequência, com intervalo de 30 minutos entre uma e outra.

“Angels in America” se passa na década de 1980, em Nova York, durante a chamada “Era Reagan”. Nessa época, a aids assolava a cidade como uma espécie de epidemia. Mas Nova York, aqui, pode ser também qualquer cidade grande.

Abismo

Há uma pressa, uma urgência, nesse ir e vir constante da metrópole que parece não permitir o tempo necessário para se conectar com outras pessoas. Apesar disso, e por causa disso, as personagens de Tony Kushner – cheias de dor, medo e uma esperança frágil – tentam cruzar esse abismo.

“É um épico teatral em duas partes”, diz o diretor Paulo de Moraes. “É uma peça (…) que revela uma atualidade esmagadora.” Para Moraes, “Angels in America” fala de temas como religião, política, sexo e morte.

A montagem usa um espaço com pouquíssimos elementos de cena, que o diretor define como “nu, aberto”. No alto do palco, há um grande teto branco. “Uma espécie de asa geométrica, como um anjo pairando sobre a História.” Nesse contexto, os corpos dos atores são determinantes, assim como a imaginação do público.

A companhia

Com mais de 30 prêmios nacionais no currículo, a companhia Armazém também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo, na Escócia (com o prestigiado Fringe First Award, em 2013 e 2014).

Além disso, a Armazém Companhia de Teatro foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 – de onde saíram nomes importantes do teatro, da música e da poesia.

Dessa forma, e liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o espectador e a imersão num mundo paralelo.

Hoje com sede no Rio de Janeiro (para onde foi em 1998), a companhia tem mais de 30 anos de existência. Ela baseia sempre seus espetáculos em pesquisas temáticas e formais. Essas pesquisas se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia e nas técnicas utilizadas pelos atores. Contudo, a questão determinante para a companhia continua sendo a arte do ator.

Peça

“Angels in America”. Dias 9 de abril, às 21h; e 10 de abril, às 19h. Guairinha (Rua XV de Novembro, 971). Ingressos a R$ 80 e R$ 40 (meia). A peça é em duas partes. Os ingressos para cada delas devem ser adquiridos separadamente. Quem comprar o pacote de dois ingressos terá desconto, que sairá por R$ 120 e R$ 60 (a meia).

Os ingressos estão à venda pelo site oficial do evento www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria do evento, localizada no Shopping Mueller (Piso L2). 

A peça tem cenas de nudez e está com classificação indicativa de 16 anos. Tenha em mente que a duração é de 300 minutos (140 minutos da parte 1 e 160 da parte 2).

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