Quanta história cabe em 86 anos? Dona Alice da Silva, doceira, condensou os relatos da vida nas páginas do livro “Doces Memórias”, lançado pela editora Humaitá, de Curitiba.
Mulher negra, dona Alice mora desde 1977 no Jardim Osasco, em Colombo, região metropolitana. Embora só tenha aprendido a ler e escrever quando tinha 65 anos, sempre foi uma liderança em todas as atividades nas quais esteve envolvida – de boia-fria até parteira.
Alice da Silva
Dona Alice é mestra griô, ou seja, uma representante e guardiã dos saberes ancestrais, trabalhou durante mais de 30 anos na Fundação Cultural de Curitiba, além de ser camareira nos teatros Guaíra e Positivo.
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Também já foi atriz. Ela participou, entre outros, do filme “Cafundó” (2005), ao lado de Lázaro Ramos, Chica Lopes e Leandro Firmino. A direção é de Clóvis Bueno e Paulo Betti.
Além disso, a mestra griô também é colaboradora do Centro Cultural Humaitá, que organiza diversas atividades para a preservação da memória da população afro-brasileira no Paraná.
Preservação
O livro foi viabilizado por meio da Lei Aldir Blanc, em 2021, e ganhou versão digital antes de ser relançado no formato impresso com texto ampliado.
“Doces Memórias” é um relato intimista com causos, histórias e transformações vividas pela autora, que é mãe de 12 filhos. Como não poderia faltar, o livro também tem as receitas mais famosas da doceira, que cozinha da maneira tradicional, usando fogão à lenha.
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De acordo com a editora Humaitá, a ideia de escrever partiu da importância da preservação da cultura afro-brasileira na região. Isso porque muito da história está ligado à oralidade – método tradicional de povos originários e da cultura negra –, mas ao passo que zeladores, mestras e outros guardiões da cultura ficam idosos, muitas informações se perdem.
O livro resgata, além da história de dona Alice, também a tradição de outras matriarcas negras que existiram e resistiram ao longo do tempo.
Livro
“Doces Memórias”, de Alice da Silva. Editora Humaitá, R$ 80. À venda pelo site.
Linda Alice, Xará, saudades de seu sorriso no Solar do Barão. Beijos.
Alice marcou a vida de muitos atores e atrizes de Curitiba. Por muitos anos foi camareira de espetáculos em vários teatros da capital e do interior do Paraná. Sempre alegre , profissional, amiga , solidária e artista em tudo o que faz. Que significativo ela ter escrito esse livro. Ansiosa para ler e absorver os relatos. Bravo Alice!!!!!