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Christopher Lasch pegou um conceito psicanalítico e o usou para analisar a relação do indivíduo com a sociedade. Esse é o ponto de partida para “A cultura do narcisismo”, que a Fósforo acaba de publicar.
Com um subtítulo provocativo – “a vida americana em uma era de expectativas decrescentes” –, Lasch argumenta que os indivíduos abandonaram o vínculo que tinham com outras pessoas, mesmo no mais elementar de todos que é o vínculo com a família, para se concentrar cada vez mais em si mesmos. Daí o narcisismo.
A cultura do narcisismo
Publicado originalmente em 1979, o livro de Lasch mostra como a cultura do narcisismo começou com as noções de autoconsciência e autocuidado, difundidas nos anos 1970. E também como sofreu influência da ética protestante – a do sucesso profissional acima de tudo, ligado à noção de “self-made man“, como dizem os americanos dos Estados Unidos, em referência às pessoas que constroem carreiras de sucesso com o próprio trabalho e esforço.
De acordo com Lasch (1932–1994), esse fenômeno narcisista corrói o presente e contamina o futuro. No livro, ele propõe algumas das reflexões sobre o consumo desenfreado de imagens; o culto à personalidade; e a preocupação exacerbada com o autocuidado e a saúde mental. E sobre como tudo isso, na verdade, não resulta numa sociedade mais saudável.
Na edição da Fósforo, o texto de orelha é assinado pelo músico Emicida, que diz: “Se o imperialismo impõe, via globalização, uma ‘estadunização’ do mundo, o texto [publicado originalmente em 1979] talvez valha mais hoje”.
Livro
“A cultura do narcisismo: a vida americana em uma era de expectativas decrescentes”, de Christopher Lasch. Tradução de Bruno Cobalchini Mattos. Fósforo, 416 páginas, R$ 99,90 e R$ 59,90 (e-book). Sociologia.