O Grande e Inigualável

Contra tudo e contra todos, cá estamos. Embora ainda não tenha terminado, creio que dá pra afirmar com alguma tranquilidade que o pior passou. Daqui pra frente, é uma questão de administrar o resultado, tocar a bola no campo do adversário e deixar o tempo correr.

E se cá estamos, isso pede uma comemoração. A amiga Antonella sugeriu que em breve façamos uma festa de aniversário em um terraço. “Aniversário de quem?”, eu quis saber. “De todo mundo”, ela respondeu, argumentando – com aquele jeito dela de fazer qualquer coisa soar perfeitamente razoável – que ninguém festejou as suas últimas primaveras, de modo que é nosso dever cívico fazer uma gigantesca celebração coletiva. Uma comemoração retroativa, por assim dizer. Se por uma dessas inefáveis artimanhas do destino você fez aniversário em algum momento dos últimos dois anos, pode aparecer. Leve cerveja.

Em março de 2020, quando tudo isso ainda estava apenas começando e não tínhamos muita ideia do longo e tenebroso inverno que nos aguardava, prometi que assim que possível empreenderia a pé uma jornada que começaria no Cachoeira e terminaria na Caximba, parando pra tomar um trago em todos os bares e espeluncas que encontrasse pelo caminho, e permanecendo mais tempo quanto mais sujo e infecto fosse o estabelecimento. Pretendo cumprir, e espero não estar cometendo nenhuma severa blasfêmia ao revelar meus ultrajantes planos de romaria no santificado dia da padroeira do Brasil.

Faz também bastante tempo, o amigo João Frey, que agora é o secretário de redação deste Plural, aventou a possibilidade de circum-navegar o estado do Paraná em uma jornada de libertação, de ônibus, e pegando sempre o ônibus no sentido contrário, que é pra fazer o rolê durar. Não sei se ele gostaria que essa ideia viesse a público, mas ninguém mandou permitir que eu seguisse escrevendo lorotas por aqui ao assumir o comando. Devia ter me parado quando teve a oportunidade. Está de pé, cara?

No grupo de WhatsApp dos habitués da saudosa Casa Verde, um bar em que passei enfiado boa parte da vida, o churrasco de reencontro também começa a ser organizado. A data ainda está um pouco distante, mas a moçada está naturalmente ansiosa. A Karen garantiu que fará a melhor maionese que já provamos, o Glauco começou a pesquisa de preço nos mercados – nem tudo são flores e no Brasil de 2021 não se pode comprar nada sem antes fazer uma rigorosa pesquisa de preço –, o Tuca cedeu seu imóvel e o Jacobsen, bem, como de hábito, está tendo ideias mirabolantes. Até mesmo o Alvício, que há tempos não dava notícias, dia desses enviou um alô lá de Ponta Grossa. Aparecerá? A torcida é grande.

É com certa decepção, um travo amargo na língua, que confesso a vocês que no grupo que reúne os apreciadores do nobre esporte ludopédio as movimentações, lamento dizer, inexistem. Aníbal – meu vizinho aqui neste pequeno condomínio de croniquetas –, Boca, Samuka, Bona, Amatuzzi e Lelê: eu esperava mais de vocês. O tempo corre, a vida é curta, não há um minuto a perder.

Um dos festejos que despontam no horizonte, no entanto, exigirá um considerável empenho logístico. No grupo que reúne os colaboradores do canal do YouTube Meteoro Brasil os planos ainda são incipientes, mas estão sendo desenhados. Precisaremos dar jeito de trazer gente de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Alguém de Macapá ou Pedro Juan Caballero pode aparecer a qualquer momento. Devido a essas pequenas complicações, o evento precisará ser de arromba, assim que as circunstâncias sanitárias permitirem. Por conta disso, dei pra chamá-lo de O Grande e Inigualável Churrasco. Durará uma semana e fará as antigas farras romanas figurarem nos livros de história a partir de então como apenas uma nota de rodapé técnica e enfadonha. Estou pensando até em mandar vir um camelo da Arábia Saudita, não sei exatamente a troco de quê.

O quê? Você ainda não recebeu o convite que eu desenhei no Paint? Pedirei a meus assessores que corrijam isso o quanto antes.

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