Libertem as meias

A missão difícil de manter minha gaveta de calcinhas e meias organizada, se tornou impossível depois que minha amiga contou que a menina Marie Kondo (dos livros e da série da Netflix), disse que as meias odeiam quando você faz uma bolinha com elas.

Elas ficam tristes e se sentem humilhadas.

Sim.

Porque, sabe… as meias aguentam nosso peso todinho e todas as energias que passam por nós o dia todo, e o atrito com os sapatos diversos, e essa sua unha encravada horrorosa, e a sola do pé fedorenta, e calos, e frieira, e sei lá mais o que que tem no pé das pessoas.

Então ela tem uma energia difícil.

Vida difícil a das póbi meias (tão lembrando a Ju? Brincadeira).

Por tudo isso, você precisa dar muito amor pra meia, pra ela ficar feliz, entende?

Você precisa dobrar ela com delicadeza, em tamanhos iguais, passando a mão delicadamente e lembrando o quanto ela é importante e maravilhosa.

Se não…

Se não…

Sei lá…

Sua meia fica puta da cara e aí o seu dia é uma merda e você fica sem entender por que, mas a resposta é óbvia: seu dia foi uma merda porque sua meia tá puta contigo!

Sabendo disso, obviamente, eu NUNCA mais consegui enrolar as meias, porque fico imediatamente me sentindo culpada e uma bruxa que não dá valor às meias, pobre meias, guerreiras meias, poderosas meias.

Aí, obviamente eu as arrumo todas dobradinhas, par a par.

E obviamente um dia depois aquilo vira uma grande suruba meial onde ninguém é de ninguém e meias solitárias fazem moradas em bojos quentinhos de sutiãs.

Então decidi ir além da menina Marie.

Não só deixei de lado o hábito de enrolar as meias, como também não tenho mais o poder de decidir quem faz par com quem.

Decidi que minhas meias são livres pra fazer o par da forma que quiserem a partir de agora.

E se quiser fazer um par hoje e outro semana que vem, OK, por mim tudo bem. Não tô aqui pra julgar nenhuma meia, entendeu?

Tenho certeza que essa liberdade vai fazer delas meias muito mais felizes.

Se divirtam minhas lindas!!!

Vocês merecem!

(Esse texto é antiguinho. Tô há um ano sem embolar meias. Elas tão muito sorridentes. Recomendo.)

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