O aeroporto de Foz do Iguaçu vai a leilão no próximo dia 7 de abril no pacote com outros três terminais paranaenses (Afonso Pena, Bacacheri e Londrina), dois catarinenses (Joinville e Navegantes) e três gaúchos (Bagé, Pelotas e Uruguaiana). A 6.ª rodada de concessão vai tirar da Infraero a administração e entregá-la à iniciativa privada pelos próximos 30 anos.
A coluna Voo Direto já indicou as mudanças que ocorrerão no Bacacheri e agora é a vez da cidade da fronteira. Nas próximas duas semanas serão analisados os equipamentos de Londrina e Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
A empresa que arrematar o Bloco Sul vai receber um aeroporto em ótimas condições em Foz do Iguaçu. Isso porque no ano passado, a Infraero ampliou o terminal de passageiros e instalou quatro pontes de embarque. Além disso, deve entregar até maio a ampliação da pista de pouso e decolagem, que ganhará 600 metros e alcançará 2.795 metros de comprimento.
Essas intervenções custaram R$ 96,3 milhões e foram partilhadas entre a Infraero e a Itaipu Binacional. Com isso, a concessionária que assumir o aeroporto não precisará realizar obras logo de cara, já que a primeira fase de intervenções está prevista para começar em 2024.
Mas se o aeroporto está bom, o que a nova administradora terá de fazer até 2051? Não é pouca coisa, vide a estimativa de investimentos ao longo da concessão: R$ 512,3 milhões. É o segundo maior valor entre os aeroportos do Bloco Sul, ficando atrás apenas do Afonso Pena, que receberá R$ 566,2 milhões. A previsão inicial para Foz do Iguaçu era de R$ 604,2 milhões, mas a inclusão da terceira pista do Afonso Pena na revisão do edital reduziu os investimentos para a cidade do Oeste paranaense.
As intervenções se concentram principalmente na construção de uma nova pista de 3 mil metros de comprimento — a atual pista será transformada em faixa de taxiamento —, na implantação de novas pistas de taxiamento e na ampliação do pátio e do terminal de passageiros. No valor total estão previstos também os custos com desapropriações para a nova pista.
Segundo o edital de concessão, as obras são divididas em três fases. A primeira e mais dispendiosa começa em 2024 e se estende até 2030. As etapas seguintes vão de 2031 a 2040 e depois de 2041 a 2051.
As principais obras em Foz do Iguaçu
A primeira fase, que custará R$ 374,4 milhões para a concessionária (já com desapropriações), prevê as seguintes obras:
- Construção da nova pista de pouso e decolagem com 3 mil metros de comprimento;
- Implantação e ampliação de pistas de taxiamento;
- Ampliação do pátio destinado à aviação comercial;
- Ampliação do pátio para aeronaves da aviação geral;
- Ampliação do terminal de passageiros;
- Implantação de duas novas pontes de embarque.
Já na segunda fase, que sairá a um custo estimado de R$ 62,1 milhões, as intervenções são as seguintes:
- Ampliação do pátio da aviação comercial;
- Ampliação do terminal de passageiros;
- Duas novas pontes de embarque.
Na terceira e última etapa, que custará R$ 75,8 milhões, estão previstas as obras abaixo:
- Ampliação do pátio da aviação comercial;
- Ampliação do terminal de passageiros;
- Ampliação e construção de novas pistas de taxiamento.
Como será o aeroporto de Foz em 2051?
O potencial turístico de Foz do Iguaçu é inegável. E o aeroporto é certamente uma das principais portas de entrada para a cidade, especialmente para quem vem de fora do Brasil. Nos últimos anos, Foz já vinha ampliando as ligações para outras cidades da América do Sul e tinha planos para novas rotas. A pandemia da Covid-19 veio e adiou a questão.
Mas quando a pandemia estiver sob controle — espero que o mais breve possível —, os voos e os passageiros voltarão à cidade das Cataratas. E, quem sabe, de lugares nos Estados Unidos ou da Europa. Aliás, é por isso que está prevista a construção de uma nova pista no aeroporto, exatamente para permitir decolagens para destinos mais afastados.
Segundo a projeção de demanda que consta no edital, a expectativa é movimentar 181 mil passageiros de voos internacionais em 2050. Para isso, prevê-se um crescimento anual de 4% a partir de 2025.
No fim da concessão, o aeroporto de Foz do Iguaçu, que já é bom, será muito melhor, com uma nova pista, um terminal com 38 mil metros quadrados, oito pontes de embarque e outras 12 posições remotas. Bom para a cidade e para os passageiros.
Para ir além
Sobre o/a autor/a
Gustavo Ribeiro
Jornalista e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), pesquisa e escreve sobre aviação desde 2006.