Desde 1990, quando foi criado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, o Outubro Rosa multiplica campanhas de conscientização e prevenção sobre o câncer de mama pelo mundo todo. Um alerta precioso e que se torna ainda mais necessário diante de um novo cenário aterrador.
Um estudo divulgado em fevereiro de 2021 apontou o câncer de mama no topo da lista entre os mais diagnosticados em todo o mundo, superando pela primeira vez neste ranking os tumores de pulmão.
O relatório é da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês) – entidade que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) – e pela Sociedade Norte-Americana de Câncer (ACS). Ele mostrou que a realidade da oncologia está mudando, com aceleração em todo planeta nos índices de incidência de neoplasias malignas
Não bastasse isso, a pandemia com seus mais de 600 mil mortos e os quase 21 milhões de casos no Brasil, também afetou os cuidados com a saúde da mulher.
Os dados da Fundação do Câncer revelaram redução de 84% no número de mamografias feitas no Brasil durante a pandemia, em comparação ao mesmo período do ano de 2019.
Mais que um alerta, esses números refletem que milhares de mulheres deixaram de se cuidar, e, consequentemente, o diagnóstico precoce do câncer de mama foi comprometido.
A estimativa é de que haverá, em 2022, um aumento significativo do número de casos de câncer. E sem a realização dos exames, as chances de sucesso no tratamento foram reduzidas. Só no Paraná, mil mulheres morrem a cada ano por câncer de mama.
Uma realidade triste e assustadora. Mas que deve servir para impulsionar mais e mais ações para auxiliar essas mulheres. Desde cobrar do poder público a oferta ágil de mais exames e acesso a tratamentos atuais e eficazes, até massificar a importância do autoexame. É importante também a retomada das cirurgias eletivas, bem como promover e apoiar tantos projetos que atendem, orientam e dão suporte multidisciplinar.
Um diagnóstico positivo causa um tsunami na vida da mulher. O medo, a comoção familiar, preocupação com o futuro, as dúvidas sobre tratamento e cura. Até mesmo a questão da imagem feminina abalada por ser vista como doente em uma sociedade que cobra rígidos padrões de beleza.
Na hora de oferecer apoio a uma mulher que está enfrentando o câncer de mama, saber ouvir é essencial. Partilhar os temores com outras mulheres que já passaram pela mesma situação também pode ajudar. O carinho é capaz de renovar as forças de quem está passando por um momento difícil na caminhada para uma plena recuperação. Basicamente ser sensível. Olhar o outro com o coração.
Os homens também têm um papel muito especial, de incentivar suas companheiras a se cuidarem. É uma bela demonstração de amor.
É fundamental que os cuidados enfatizados no Outubro Rosa perdurem o ano todo. Buscar hábitos saudáveis, mesmo com as atribulações do dia a dia da mulher que hoje abraça mil funções como mães, esposas, trabalhadoras e suporte das suas famílias.
Boa alimentação, controle do peso e prática de atividade física são capazes de reduzir em até 28% o risco de câncer de mama. Cuide de você.
Sobre o/a autor/a
Flávia Francischini
Advogada, ex-policial federal, mãe e vereadora em Curitiba. Fundadora do projeto Fazer o Bem Sem Olhar a Quem.