E se já não era um país sério, imagine hoje…

A autoria da crítica desconcertante chegou a ser creditada a Charles de Gaulle, mas há controvérsia; no Brasil de hoje não haveria dúvida quanto à assertiva

O Brasil não é um país sério. Por algum tempo, a frase, que ficaria famosa e agora, infelizmente, voltou a fazer sentido, foi atribuída a Charles de Gaulle (Charles André Joseph Marie de Gaulle – 1890-1970), ex-presidente da França. Mas, em 1979, o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza publicou um livro em que assumia a autoria da frase. Ele era, na época do incidente que ficou conhecido como a Guerra da Lagosta*, embaixador do Brasil na França, cargo que ocupou entre 1956 e 1964. Carlos Alves de Souza teria dito que o Brasil não era um país sério em uma conversa (informal) com o jornalista Luís Edgar de Andrade, correspondente do Jornal do Brasil em Paris.

Está cada vez mais difícil de acreditar? Basta ver que passou a ser incensado. Perfumar com incenso; elogiar ou exaltar como o país do futebol e do Carnaval, em 22 países de todos os continentes.

E agora, é um país sério? Já foi, ou pelo menos chegou bem perto disso até o desgoverno bolsonarista, que transborda em absurdos, desatinos… algo acachapante, que não se pode refutar, duvidar; que não admite contestação, discussão; incontestável, indiscutível…

Ele e o Genivaldo

Assunto de capa da revista ISTOÉ desta semana:

No país de Genivaldo, Bolsonaro pode não usar capacete – ao lado, em outra foto, ele de moto numa “corrida insensata”, sem capacete.

Ainda da capa:

– Mas Genivaldo não pode – preto, pobre e doente, Genivaldo de Jesus Santos foi morto em Sergipe pela Polícia Rodoviária Federal em uma câmara de gás por não usar capacete andando de moto. Bolsonaro, branco, capitão e presidente, desfila sem o acessório e nem multa leva pela mesma infração. A chaga da desigualdade piorou com o atual governo e está exaurindo o Brasil.

* A chamada guerra da lagosta ocorreu de 1961 a 1963: os mares nordestinos tinham lagostas em grande quantidade. E, assim, atraíam barcos franceses para a captura (clandestina) dos crustáceos. Após denúncias de pescadores, a atividade foi combatida pela Marinha (de guerra) brasileira. O episódio teve amplo destaque na imprensa nacional e internacional. E o país impôs a sua soberania. E hoje, como seria?

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