As máscaras de hoje, ontem e anteontem

Até 1930, as fantasias de carnaval eram simples, mas com os bailes, desfiles de blocos e escolas de samba, as máscaras ganharam o merecido destaque

Por conta da quarentena – e do frio – em Curitiba, há quem tenha mergulhado – não literalmente – em sua biblioteca. E topou com livros sobre a história das máscaras. Já existiam no Antigo Egito, cerca de 664/535 A.C. – e, como na Grécia, eram colocadas no rosto dos defuntos para “assegurar a passagem para a vida eterna”. Na China, eram usadas para afastar os maus espíritos. Ainda sobre a Grécia: foi lá que surgiram também as máscaras teatrais.

Originalmente, “eram utilizadas em rituais de orgia do deus mais bebum do panteão: Dionísio”. E acabaram incorporadas aos principais gêneros de peças teatrais da época: a tragédia e a comédia. Ainda dos livros: “Durante as celebrações a Dionísio, que duravam seis dias, havia procissões e, com o auxílio de fantasias e máscaras, seus fiéis entoavam cantos líricos – que mais tarde evoluíram para a forma de representação totalmente cênica por intermédio de peças clássicas”.

Contribuições brasileiras

A palavra máscara entrou no vocabulário português graças ao italiano maschera. Detalhe: o che italiano soa como o nosso quê. Graças ao francês, a palavra italiana chegou aos países da Europa e, hoje, aparece em muitas línguas, incluindo o inglês (mask), o polaco (maska) — e muitas outras.

E, em tempos bem mais saudáveis, sem o Bolso, sua trupe e o coronavírus, a máscara entrou na avenida. Consta que, até 1930, as fantasias de carnaval eram simples: roupas adaptadas, tingidas, enfeitadas em casa. Mas, com os bailes, desfiles de blocos e escolas de samba, as máscaras ganharam o merecido destaque.

Mocinhos x bandidos

No cinema e nos gibis, não só os bandidos escondiam o rosto utilizando máscaras. Alguns mocinhos, claro, só entravam em cena mascarados. Isso para proteger seus amigos, a família, a namorada. Alguns exemplos clássicos de a máscara faz o herói: Batman e Robin, Zorro, Arqueiro Verde, Cavaleiro Negro, entre outros.

E, para encerrar, uma máscara igualmente famosa – a Máscara Negra, de Zé Keti:

Quanto riso oh quanta alegria

Mais de mil palhaços no salão

Arlequim está chorando

Pelo amor da colombina

No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez

Está fazendo um ano

Foi no carnaval que passou

Eu sou aquele pierrô

Que te abraçou e te beijou meu amor

Na mesma máscara negra

Que esconde o teu rosto

Eu quero matar a saudade

Vou beijar-te agora

Não me leve a mal

Hoje é carnaval…

PS: mas, como a máscara contra a covid-19 pode perder o lugar para a tal da bandana – lenço triangular ou quadrangular atado e usado como adorno na cabeça – é bom aguardar. Diante do descaso bolsonarista diante da pandemia, o mais indicado poderá vir a ser o capacete de escafandro…

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