29 de Abril de 2015: para nunca esquecer

O “Massacre do Centro Cívico" deixou quase 200 feridos

Há exatos sete anos, o Centro Cívico de Curitiba testemunhou um dos episódios mais violentos da história recente do Paraná. Enquanto servidores estaduais protestavam em frente à sede da Assembleia Legislativa, a Polícia Militar atacou covardemente os manifestantes com balas de borracha e bombas de gás. O “Massacre do Centro Cívico”, como passou a ser conhecido, deixou quase 200 feridos.

Na época, o jornal Gazeta do Povo, em reportagem do jornalista Diego Ribeiro, revelou que a operação do dia 29 de Abril de 2015 foi a única na história recente do estado em que houve emprego total de praticamente todos os meios de força da Polícia Militar ao mesmo tempo: cães, atiradores de elite que foram posicionados – instrumento considerado importante como ato de prevenção – e até um helicóptero foi usado.

O resultado foi sangrento. A violência empregada, além de ser totalmente desnecessária, marcou a gestão do então governador Beto Richa e daquele que era o seu secretário da Segurança, Fernando Francischini.

Resumidamente, os protestos ocorreram no Legislativo porque os deputados votaram, a portas fechadas, o projeto do governo Beto Richa que modificou a previdência dos funcionários públicos estaduais.

A PM teve autorização para usar todas as suas armas quase que simultaneamente. Assim, a população que protestava foi atingida por “jato d’agua, bastões, sprays de pimenta, dois modelos de balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e efeito moral”, segundo consta na reportagem de Ribeiro. O ataque durou por aproximadamente duas horas.

Relatos dos professores que participavam do ato ao Ministério Público denunciaram ainda que bombas de efeito moral e gás foram arremessadas do helicóptero – o que aumentaria a probabilidade de o protesto terminar com uma vítima fatal – e que a tropa de choque teria disparado pelas costas de alguns dos manifestantes. Conforme as orientações do manual da PM, citado pela reportagem de Ribeiro, a polícia deveria ter evitado atirar bombas de gás devido a proximidade de uma creche no local.

Os feridos foram socorridos por ambulâncias do Samu e por guardas civis municipais, e, depois, levados para hospitais e para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Algumas pessoas se refugiaram na prefeitura e o saguão principal ficou cheio de pessoas ensanguentadas e desnorteadas com tamanha violência.

Todo esse cenário de guerra aconteceu após parte dos manifestantes tentar ultrapassar a barreira montada por cercas metálicas e cordão de policiais. A violência desproporcional ao ato poderia ser evitada, contendo e detendo – caso necessário – quem tentava passar a barreira, por exemplo, agindo – dessa forma – na raiz do problema.

O planejamento e a execução do ato foram determinados pelo ex-secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini, que era deputado federal, e pelos coronéis Nerino Mariano de Brito, subcomandante-geral da PM. Nerino, por sinal, esteve presente em 1988 quando a cavalaria da PM passou por cima de vários professores. Era a história se repetindo 27 anos depois. Que, dessa vez, sirva de lição para que um ato covarde desses jamais se repita.

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