Alimento produzido em alto mar

Fazendas submersas são alternativa para produção de peixes em larga escala

A busca pela produção alimentícia sustentável é uma demanda urgente. De acordo com uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), de 2012 até 2050, a população global passará dos 9 bilhões. Para suportar esse crescimento, seria necessário um aumento por volta de 60% na produção de alimentos mundialmente.

O desafio é que a produção em larga escala necessária para garantir segurança alimentar da população também representaria impactos relevantes. Em países com grande potencial agrícola como o Brasil já existem limitações para expansão de áreas cultiváveis em terra.  “É impossível produzir sem provocar alterações ambientais. No entanto, pode-se reduzir o impacto sobre o meio ambiente a um mínimo indispensável”, avalia o pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Wagner Cotroni Valenti.

Uma das alternativas possíveis vem dos mares. A instalação de viveiros para piscicultura marítima permite ir além da água doce e investir na produção em um espaço onde o ecossistema é dinâmico e o espaço é abundante. É o que demostra a Open Blue, uma empresa de aquicultura que em 2017 iniciou suas atividades no Panamá apostando na tecnologia para aumentar a qualidade dos peixes cultivados com menos danos ao meio ambiente.

A primeira fazenda marinha da empresa foi criada com 20 viveiros submersos a 30km da costa e feitos de plástico reforçado, cada um com a altura de um prédio de sete andares e tão longo quanto a metade de um campo de futebol. Nesses espaços crescem milhões de peixes da espécie cobia, alimentados com ração e protegidos das correntezas submarina e de possíveis predadores. Países como China e Estados Unidos já se espelham nas atividades no intuito de garantir uma produção sustentável.

Hoje, a demanda por frutos do mar e peixes é em sua maioria suprida pela pesca em escala industrial, o que representa uma grave ameaça à biodiversidade marinha. “No espaço de uma única geração, a atividade humana prejudicou seriamente os oceanos, pescando mais rapidamente do que a velocidade de reprodução dos peixes,” comenta Marco Lambertini, diretor-geral da organização WWF (World Wide Fund For Nature ou Fundo Mundial para a Natureza em português). Mesmo com sua rápida reprodução, diversas espécies já foram extintas devido à pesca predatória.

Considerando o crescimento da fome pelo mundo e a necessidade por maneiras inovadoras de se produzir, a aquicultura se mostra como uma alternativa para países com amplo acesso ao mar. Para o especialista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Eric Routledge, o Brasil pode ser uma superpotência da produção em aquicultura, caso tenha o investimento necessário.

Orientação: Larissa Drabeski (professora e jornalista)

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