São tantas as buscas e os intermináveis objetivos traçados pela vida, que sempre nos questionamos sobre as nossas novas metas e os nossos novos sonhos. A resposta é sempre a mesma: “desejamos ser mais felizes e melhorar ainda mais a nossa qualidade de vida!” Mas como definir a qualidade se ela é subjetiva e peculiar a cada um de nós? Ela pode ser diferente conforme nossa cultura, nossa personalidade, nossas raízes e nossos sonhos. A minha qualidade de vida não é necessariamente a sua e, por isso, temos que pensar em identidade.
Essa identidade é confundida pelo mercado como qualidade e oferecida em massa, como se fôssemos todos iguais, quer seja aqui, no nordeste ou na Europa, gerando projetos e soluções sem critérios individuais.
Os conceitos aplicados hoje visam uma nova metodologia projetual, diferentemente da adotada pela necessidade de expansão urbana vivida após a revolução industrial. Os critérios pessoais estão sendo cada vez mais valorizados pois, enfim, se entendeu que impondo soluções coletivas, essas seriam, ao longo do tempo, reformuladas e adequadas de forma individualizada.
Isso prova que os diferentes padrões habitacionais são regidos pela identidade e necessidade local, por uma tecnologia, conceitos e conhecimentos disponíveis, e pelo domínio de um conjunto de fatores socioculturais e naturais, que, se bem explorados e aplicados, resultarão na identidade que reconhece, valoriza e acolhe o homem, ou seja, na sua qualidade individualizada, na identidade espacial.
Dessa forma, podemos até questionar: o que é padrão? O que é condição básica de moradia? Toda resposta começará por: quem somos, onde estamos e o que cada um precisa para suprir suas necessidades com a tão sonhada qualidade, a qual pode ocorrer em uma mansão ou em um trailer. Esses dois exemplos parecem muito distantes um do outro mas, conforme o ponto de vista, a diferença pode ser simplesmente uma linha que separa o interno do externo. Ou seja, o que você precisa para ser feliz está dentro ou fora da sua casa? Dentro ou fora de você?
Enfim, estamos sempre buscando quebrar paradigmas, discursos e modismos para realmente atender às diferentes necessidades e precisamos aplicar com ciência cada detalhe do nosso conhecimento a favor da qualidade de vida do homem.
Temos que traduzir os anseios em projetos que identifique, principalmente, a personalidade do morador e que ele, nesse espaço, também se reconheça. Isso lhe proporcionará um “inconsciente” bem estar, proporcionado por um projeto inteligente que visa, além de vários outros fatores técnicos e sociais, atender valores pessoais que não são quantificados e não podem ser colocados no papel, somente usufruídos diariamente por meio de uma qualidade que identifica a sua vida, pois esta sim… não tem preço!
A coluna Arquitetura e Urbanismo tem a curadoria de conteúdo do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU-PR).
Sobre o/a autor/a
Cláudio Bravim
Arquiteto e urbanista, professor especialista em Modernidade pela Universidade Estadual de Londrina, conselheiro estadual do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR). Também é diretor do Conselho Superior do Instituto de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (IAB-PR).