Monumento à Lava Jato indicaria “soberba”, diz Moro

Novos diálogos da Vaza Jato divulgados pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (21) indicam que Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, queria construir monumento em homenagem à operação em Curitiba.

“A minha primeira ideia é esta: Algo como 2 pilares derrubados e 1 de pé, que deveriam sustentar uma base do país que esta inclinada, derrubada. O pilar de pé simbolizando as instituições da Justiça. Os 1 derrubados simbolizando sistema político e sistema de justiça…”, escreveu o procurador a um grupo de magistrados.

Nas mensagens trocadas com o então juiz Sergio Moro em maio de 2016, Dallagnol explica que a ideia era uma “estratégia de marketing”. A intenção era fazer um concurso para construir uma estátua que simbolizasse a operação e as mudanças defendidas pelos procuradores, como a reforma política e o projeto de Dez Medidas Contra a Corrupção. “Isso virará marco na cidade, ponto turístico, pano de fundo de reportagens e ajudará todos a lembrar que é preciso ir além… Posso contar com seu apoio?”, perguntou o procurador.

De início, Moro disse ser melhor esperar a operação acabar, mas o procurador insistiu: “Eu apostaria que tão somente a existência do concurso já será matéria de jornal, estimulará o debate sobre reformas, e frisaremos na proposta do concurso das esculturas a necessidade de reformas e que elas simbolizem as reformas necessárias… Sabemos que precisamos ir além, como país, e só estou pensando nisso para fazer tudo o que estiver ao meu/nosso alcance.”

A tentativa foi em vão. Moro rejeitou o pedido, argumentando que “em tempos de crise, o gasto seria questionado e poderia a iniciativa toda soar como soberba.” Segundo ele, homenagens “devem vir de terceiros”.

A preocupação com marketing não é novidade na operação. Deltan já havia pedido que Moro autorizasse o uso de dinheiro da 13ª Vara Federal de Curitiba em campanha publicitária a favor da Lava-Jato.

O acordo com a concessionária de rodovias Rodonorte também virou propaganda. Segundo reportagem publicada no Conjur, o acerto exige que a empresa diga que o desconto de 30% no pedágio é fruto “dos bons préstimos da operação ao povo paranaense.”

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