Câmara anula rara votação que Greca havia perdido

Bancada do prefeito se enganou e votou com a oposição, mas presidente da Câmara atropelou lo regimento e salvou o repasse milionário ao ICS

Um dos raros exemplos em que o prefeito de Curitiba perdeu uma votação na Câmara acabou anulado pelos próprios vereadores. O líder do prefeito Rafael Greca (DEM), Pier Petruzziello (PTB), disse que seus colegas se equivocaram na hora de votar e pediu para a votação ser refeita. Na segunda tentativa, a bancada conseguiu se acertar e Greca aprovou sua proposta.

O que estava em discussão, nesta terça-feira (5), era um artigo previa o repasse de R$ 48 milhões para o Instituto Curitiba Saúde. A oposição apresentou uma emenda supressiva, que impedia o repasse. Por distração, porém, vários governistas apertaram o botão que aprovava a emenda contrária ao interesse do prefeito.

Curiosamente, o sistema de votação da Câmara não poderia ser mais simples: não exige nem mesmo que a pessoa leia qualquer palavra. Basta apertar + ou -. Mesmo assim, vários governistas entenderam que votando a favor da emenda faziam o que o prefeito desejava, quando na verdade era o contrário.

Depois de vários minutos, quando já se votava outro assunto, Pier, que recebeu mensagens via WhatsApp de outros colegas admitindo o erro, pediu a palavra e explicou o que tinha acontecido. O presidente Sabino Picolo (DEM), perguntou se eles queriam votar de novo, dizendo que o regimento permitia. A nova votação foi feita e Greca ganhou.

No entanto, o texto do regimento não prevê o que foi feito. O artigo 153, no parágrafo segundo, diz que: “Se algum Vereador tiver dúvida quanto ao resultado proclamado pelo Presidente, imediatamente requererá verificação de votação”.

A reclamação de Pier não foi feita imediatamente. E ninguém tinha dúvida quanto ao resultado. A verificação de votos deveria servir meramente para recontar os votos já dados.

A assessoria de imprensa da Câmara afirma que é comum que o presidente permita que se faça uma nova votação em casos como esse. No entanto, o regimento claramente não permite isso, conforme lembraram na sessão desta quarta (6) os integrantes da oposição.

Vídeo

A oposição também reclamou do sumiço do trecho em que a manobra ocorre no vídeo oficial da sessão, no YouTube. A suspeita era de edição. A Câmara, porém, diz que a falha foi involuntária e que o vídeo será recolocado na íntegra. Além disso, a Câmara ressalta que os vídeos no Twitter e no Facebook não apresentaram problemas e estão disponíveis na íntegra.

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