Pandemia da desinformação: entenda a perigosa relação entre coronavírus e fake news

A ansiedade e a vontade de entender o que está acontecendo aumentam o consumo de informações

As circunstâncias são singulares. Além de enfrentar o vírus e toda complexidade global envolvida, é preciso lidar com a quantidade de informação que está disponível a apenas um clique. A ansiedade e a vontade de entender o que está acontecendo aumentam o consumo de informações, seja por meio das notícias da imprensa tradicional ou pelo compartilhamento de informações nas redes sociais digitais e aplicativos de conversa como WhatsApp. Mas como saber quais informações são confiáveis?

Foi pensando em combater os graves efeitos das fake news, que nós da DePropósito, iniciamos a campanha DeVerdade, DePropósito. A primeira ação foi a realização da live no Instagram, em parceria com o EducaMídia, programa do Instituto Palavra Aberta criado para capacitar professores e organizações de ensino e engajar a sociedade no processo de educação midiática. O intuito da transmissão foi discutir os principais pontos das chamadas “notícias falsas”, que consistem na distribuição intencional de boatos e mentiras, muitas vezes com uma plástica que imita veículos de imprensa tradicionais.

Não acompanhou a conversa? Fica tranquilo, você pode conferir os principais pontos citados pela fundadora da DePropósito, Ester Athanásio, e pela coordenadora do programa EducaMídia, Daniela Machado, aqui. Confere! 

Fake News?

De uns tempos pra cá, os efeitos das fake news ganharam foco nos noticiários. O termo é muito discutido no mundo acadêmico por ser um termo ambíguo: se é notícia, não pode ser falso. Se é falso, não é notícia. Isso porque por trás de uma matéria jornalística, há sempre apuração, cuidado, revisão e, principalmente, compromisso com a verdade. A notícia jornalística é uma informação baseada em um fato. “Em contrapartida, as fake news funcionam como uma ferramenta criada justamente para enganar alguém, usando como “máscara” o layout de uma notícia, para parecer real”, conta Daniela. Para identificar a veracidade do conteúdo, a educação midiática do leitor é fundamental. 

Mas o que é educação midiática?

“Além do Coronavírus, estamos enfrentando também outra pandemia: a Infodemia”, alerta Daniela. Ela explica que o excesso de informações é algo que deve ser encarado com senso crítico nesse mundo altamente conectado e abundante de informação. Para lidar com a quantidade de notícias, dados e opiniões que recebemos diariamente, é essencial que o receptor tenha o mínimo de educação midiática, que consiste nas habilidades para receber as informações de maneira reflexiva e fazendo o filtro desse conteúdo. Além de auxiliar o modo que a notícia é recebida e interpretada, a educação midiática é benéfica também para o produtor de conteúdo – já que no ambiente digital, todos os internautas são consumidores, mas também potenciais produtores de conteúdo. “Com essas duas habilidades, de ler de maneira reflexiva e escrever de forma responsável, nós participamos ativamente como cidadãos e podemos contribuir para um país melhor”, afirma Daniela. 

Desinformação

Fake news é apenas uma das práticas negativas de um todo muito maior: a desinformação. Trata-se de um conjunto de fenômenos que partem da  utilização de estratégias que induzem ao erro, como informações distorcidas, dados tirados do contexto, imagens editadas e ocultação de fatos que podem modificar o sentido de um fato. Um exemplo é uma situação que realmente aconteceu, mas há muito tempo ou em outro espaço geográfico e passa a ser resgatada e veiculada agora como se fosse  do período atual. Para se prevenir da desinformação, é preciso estar muito mais atento às intenções de quem veicula a informação e de que forma a manipula.

Como a desinformação pode piorar os tempos de pandemia?

Antes mesmo da pandemia, foram a público diversos exemplos de como a desinformação tem atrapalhado a saúde pública. Há registros de pessoas que deixaram de vacinar os filhos por acreditar na relação entre a dose e um futuro problema neurológico. Era fake news. Hoje, a desinformação pode matar. Histórias compartilhadas dando a entender que o vinagre pode substituir álcool em gel ou que o uso de um medicamento pode ser usado no tratamento da Covid-19, mesmo sem ter sido comprovado cientificamente, podem atrapalhar ainda mais os profissionais da saúde que estão à frente da pandemia. 

Existe fake news do bem?

Por melhor que seja a intenção, se é falso, não é bom. “Qual a fronteira entre fake news supostamente do bem e de algo que vai prejudicar alguém? O que pode ser do bem para alguém, pode ser ruim para outros”, aponta Ester. Um exemplo de fake news que se travestiu de boa intenção envolve o grupo de risco da covid-19. Durante a pandemia, circulou a informação de que a aposentadoria dos idosos que fossem vistos na rua seria confiscada e que levariam multa. A desinformação foi compartilhada com o intuito de mantê-los em casa. Por mais que seja por um bom motivo, mentira é mentira e não deve ser usada em nenhuma hipótese.

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