Escola da infância precisa ser um lugar de descobertas

Por meio da pedagogia da escuta, gerações de crianças estão saindo rumo ao Ensino Fundamental mais preparadas para o protagonismo exigido em nossos tempos

Foi-se a era dos materiais prontos para as atividades na educação infantil. A prática de inúmeras escolas em diversos países tem mostrado resultados muito positivos quando os próprios alunos participam das descobertas e recebem autonomia para resolver alguns problemas. A ideia é mostrar à criança a potência que ela tem, e não superproteger, não minimizar suas capacidades.

Por meio da pedagogia da escuta, gerações de crianças estão saindo rumo ao Ensino Fundamental mais preparadas para o protagonismo exigido em nossos tempos. Na prática, isso é feito com escolha de temas pelas próprias crianças, elaboração de materiais artesanais em conjunto com elas, ateliês para soltar a criatividade e muita manipulação de diferentes texturas e elementos da natureza.

É o protagonismo que faz a criança descobrir e aprender. É dessa forma que ela cria conexões entre temas, e assim estimulamos até mesmo o desenvolvimento neurocognitivo. E nada disso acontece se a escola não for centrada na criança. Por isso, desaconselha-se o uso de materiais pré-fabricados, que limitam a imaginação e as descobertas próprias dos pequenos. Entre as áreas cognitivas estimuladas pela descoberta estão a memória, atenção, linguagem e até a orientação no tempo e no espaço.

Em meio aos muitos resultados do estímulo à curiosidade, estão a maior autonomia (a criança deseja fazer coisas sozinha, até mesmo em casa), o pensamento crítico, o vínculo positivo com a aprendizagem, o estímulo às habilidades socioemocionais e a capacidade de investigar. Pode parecer exagero, mas tudo isso reflete em menos birras na escola e em casa!

A própria mestre Emmi Pikler, pediatra húngara que revolucionou as teorias da Pedagogia, escreveu compêndios em que critica as soluções prontas. Com esse estímulo, é possível amadurecer a compreensão dos próprios sentimentos, abrir-se às sensações diferentes sem medo e, mais tarde, estar abertos às oportunidades da vida, lidando melhor com os relacionamentos e o aprendizado futuro.

Trata-se de um momento em que não interessa tanto utilizar atividades fotocopiadas idênticas entre todos a serem meramente preenchidas. Antes, é preciso ensinar a dividir, brincar e experimentar sensações, saber o que fazer com todo o universo sensorial e relacionar-se abertamente de forma igualitária.

Isso pode ser alcançado com o uso de espaços que estimulam a brincadeira contextualizada, ou pesquisas conjuntas que surgem de um interesse específico da criança, ou pelo seguimento de projetos em que ela é protagonista. Outras ferramentas pedagógicas, como a psicomotricidade relacional, são capazes de usar a brincadeira na construção das relações de forma muito satisfatória.

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