Ela arrepiou leitores do mundo todo com a história de uma babá

Leila Slimani se tornou uma estrela internacional da literatura com romance "Canção de Ninar"

O tema da babá como uma figura assustadora não é novo – mas o que a marroquina Leila Slimani fez com ele espantou o mundo. Seu romance “Canção de Ninar”, publicado no Brasil pelo selo Tusquets, da editora Planeta, arrepiou milhares de pessoas no mundo todo.

O livro conta a história de um casal que vive na França e que tem duas filhas. A mulher, que vem do Magreb, a região no norte da África antigamente colonizada pela França, quer voltar ao trabalho e precisa de ajuda. Aí começa a seleção da babá. E aí aparece Louis.

A trama começa a engrossar na medida em que Louise vai ficando cada vez mais próxima do casal – e o casal se torna cada vez mais dependente da presença dela. Mas o ponto crucial é uma tragédia que acontece na família logo adiante. Sem spoilers, claro, mas você consegue imaginar o rumo das coisas.

O livro, publicado quando Slimani tinha menos de 40 anos, venceu o Goncourt, maior honraria literária da França, e seguiu uma carreira internacional que poucos livros europeus têm conseguido. Foi publicado em mais de 30 idiomas e chegou á marca de 600 mil exemplares vendidos.

Rapidamente, Slimani se tornou uma estrela internacional. Seu livro seguinte já foi publicado com outro status: “O país dos outros” conta a história de uma família formada por marroquinos e franceses, e é deliberadamente a história dos avós de Slimani.

A autora, que vive na França desde os 17 anos, diz que a convivência entre diferentes povos, e especialmente entre os franceses e os habitantes de suas antigas colônias, como Marrocos, Argélia e Tunísia, estão no centro de sua obra. O estranhamento que “o outro” causa é a pauta do dia – e não à toa.

A França tem se tornado cada vez mais multicultural, recebendo migrantes de toda parte do mundo. Com isso, o país não só se torna mais rico e mais variado: se torna também um caldeirão de experiências sociais, em que diferentes histórias se cruzam, gerando fenômenos que estão sendo estudados em toda a Europa Ocidental.

Slimani, que hoje tem um cargo no governo Macron (ela chegou a ser convidada para o Ministério da Cultura, mas recusou porque diz que não gosta de reuniões e prefere dormir pela manhã – e, claro, queria cuidar do filho pequeno), tem uma postura interessante sobre sua própria origem.

A escritora diz que não se considera nem marroquina, nem francesa, nem mestiça: mas sim uma soma de tudo isso, e todas essas coisas ao mesmo tempo. Como se no fundo o seu recado fosse a necessidade de superar as diferenças étnicas e nacionais para formar seres humanos que dependam menos dessas classificações e sejam capazes de se comunicar e se entender com mais facilidade.

Serviço: “Canção de Ninar, de Leila Slimani. Tradução de Sandra Stroparo. Tusquets, 192 pp.

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