O episódio desta semana do podcast “O que ler agora?” está disponível nos tocadores desde a noite de terça-feira (19), um pouquinho atrasado, mas sugere duas boas ideias do que ler: um romance sueco e um livro de contos brasileiro.
“A cláusula do pai”, publicado pela editora Âyiné, é o primeiro trabalho de Jonas Hassen Khemiri a ganhar tradução no país. Um dos sentimentos que impulsiona Khemiri parece ser uma aversão a estereótipos e preconceitos. Ele mesmo sendo um exemplo do mundo que procura retratar em seus livros: nascido e criado na Suécia, Khemiri não tem os traços que costumam ser associados a um sueco (ele não é branco, não tem o cabelo loiro nem os olhos azuis).
“A cláusula do pai”
No romance “A cláusula do pai”, Khemiri conta a história de uma família comum que é ao mesmo tempo extraordinária. Comum porque tem dinâmicas muito parecidas com a de qualquer outra família, mas extraordinária porque abarca algumas características que têm tudo a ver com uma realidade mais complexa (com frequência combatida por preconceituosos): o patriarca viveu na Suécia, mas mudou para outro país, enquanto os filhos e a ex-mulher continuam vivendo em território sueco. É uma família sueca, mas com raízes numa cultura diferente. (Além de ouvir o podcast, você ler a resenha sobre o livro aqui.)
“Mulher Feita”
No livro de contos de Marilene Felinto, “Mulher feita”, publicado pela Fósforo, dez histórias falam sobre experiências de mulheres, e de mulheres negras. No primeiro conto do livro, “Hipertexto a lápis”, a autora narra a história de uma menina que se acha feia. Ela participa de uma aula de desenho em que a professora destaca características belas de cada um dos estudantes. A menina fica nervosa enquanto espera sua vez porque acredita que não tem nada de belo. Se a professora apontar algum traço de beleza, estará mentindo.
Outro conto do livro, “Primeira morte”, fala sobre um homem que havia sido escritor, ou que havia tentado ser escritor. O fato é que ele desiste desse trabalho para se tornar mecânico. Aqui, há um embate claro entre um trabalho “útil” (o de mecânico) e outro que não serve para nada (escrever). “Como escrever era um processo vivo, pulsante, não quis mais conviver com aquilo”, diz a narradora da história.
“O que ler agora?”
O podcast de livros do Plural está disponível em tocadores de podcast como Spotify, Deezer e Apple Podcast (e também embutido nos posts do site do Plural, aqui). Novos episódios chegam às plataformas sempre às terças-feiras. Ele é produzido com o apoio de sete editoras independentes: Aleph, Antofágica, Arte & Letra, Fósforo, Mundaréu, Rua do Sabão e Tabla.
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