“Proibido nascer no paraíso” retrata grávidas de Fernando de Noronha

Documentário que debate direito da mulher sobre o próprio corpo estreia no Cine Passeio e terá bate-papo

A falta de autonomia das mulheres sobre seu próprio corpo durante a gestação e a dificuldade de fazer valer suas escolhas para o parto é o tema do documentário “Proibido Nascer no Paraíso”, que chega ao Cine Passeio, em Curitiba, nesta quinta-feira (20).

O filme acompanha as angústias e os desafios de três grávidas que moram em um dos principais pontos turísticos brasileiros, a ilha de Fernando de Noronha (PE). Elas são forçadas a se afastar de casa, do trabalho e da família 12 semanas antes do parto. Isso porque desde 2004 o governo local decidiu fechar o serviço de maternidade do único hospital local, que atende apenas pelo SUS. Todas as grávidas são encaminhadas a Recife, nem mesmo as nativas podem ficar.

“Proibido nascer no paraíso”

“Quem é que faz as regras?”, pergunta uma das três gestantes que conta sua história no filme. Dona de uma pequena tapiocaria, Babalu é nativa e filha de nativos de Fernando de Noronha, um dos destinos turísticos mais cobiçados no Brasil.

Mesmo sem maternidade na ilha, ela estava decidida a enfrentar a tudo e a todos para dar à filha o mesmo berço de suas antepassadas. A partir da realidade de Babalu e de outras duas gestantes, Harlene e Ione, o filme propõe um debate sobre violência obstétrica. A produção é da Sambaqui Cultural, uma produtora de Curitiba.

Joana Nin

A diretora Joana Nin fala sobre o processo de realização de “Proibido nascer no paraíso”. “Depois de pesquisar a situação durante alguns anos, entendi a complexidade de montar um serviço de referência, uma maternidade na ilha”, diz Nin. “Mas nunca vou entender a opção do Estado de decidir pelas mulheres sobre algo que deveria levar em conta os desejos delas. Por que não fornecer informação e o melhor atendimento possível para aquelas que decidirem ficar? Fico me perguntando se a obsessão por forçá-las a sair não levou o hospital local a fechar o centro cirúrgico que atendia também  outros tipos de emergência, tamanho o medo que se tem das mulheres desrespeitarem essa regra esdrúxula de as obrigar a se afastar de casa por longos meses para ter seus filhos.”

Cena do documentário “Proibido nascer no paraíso”, de Joana Nin. (Foto: Reprodução)

No cinema

O documentário ficou pronto quando as salas de cinema estavam fechadas, por causa da covid-19. Depois de atravessar a pandemia surfando na onda do mundo virtual, o filme chega às telas por meio de uma campanha de impacto social.

Nessa proposta inovadora de distribuição, o cinema é utilizado como ferramenta de transformação social a partir de um planejamento de comunicação estratégica. A chave do sucesso está no engajamento do público-alvo principal.

“A ideia dessa campanha é mobilizar uma rede de ativistas, de ONGs e pessoas ligadas à causa para que eles atraiam seus seguidores. E o que você dá em troca? Coloca o filme à disposição delas e oferece sessões fechadas com debate”, explica Nin.

Em troca das exibições, os espectadores oferecem apoio para divulgar a obra principalmente por meio das redes sociais. O objetivo é que o documentário chegue ao maior público possível e fomente o debate sobre a causa.

Bate-papo

Para marcar o lançamento presencial da campanha de impacto do filme, um bate-papo no sábado (22), às 15h, no Cine Passeio, após a exibição do filme, pretende ampliar o debate sobre a temática. Com a mediação da diretora Joana Nin, estão confirmadas as participações de Carla Cavalotti, advogada e coordenadora jurídica do Mandato Goura; Carmen Ribeiro, representante da Rede Feministra e Membro do Conselho Estadual de Direitos da Mulher; Marcele Rabelo, presidente da ABENFO Paraná; Maria Letícia, vereadora; Juliana Chagas da Silva Mittelbac, representante da Rede Feminista; e  Patrícia Teixeira, presidente da Associação de Doulas de Curitiba.

Onde assistir

O documentário “Proibido nascer no paraíso” estreia nesta quinta-feira (20), no Cine Passeio. Outras datas e locais de exibição podem ser acompanhados no Instagram do filme e também nos links divulgados na página.

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