Falta de água causa indignação em bairros da região sul de Curitiba

Mesmo com muitas chuvas e os níveis dos reservatórios dentro da normalidade, os cortes frequentes no abastecimento revoltam moradores

Pessoas que residem nos bairros Alto Boqueirão e Sítio Cercado estão reclamando da falta frequente de água na região nas últimas semanas. Alegam que mesmo com o grande volume de chuva, há cortes no abastecimento de água sem aviso antecipado, o que causa transtornos nas atividades diárias.

O volume de chuva em Curitiba em 2022 superou o dos anos anteriores. De acordo com o boletim da previsão climática do Simepar, para a primavera deste ano, “há o aumento gradual na quantidade de eventos meteorológicos e no volume de chuva” em todo o estado do Paraná.

Mesmo com as tempestades dos últimos dias, moradores da região sul da capital são surpreendidos ao ligar as torneiras: nada de água.

Indignação

Diferente do que ocorreu no ano de 2020 que, segundo o Instituto Água e Terra (IAT) e o Simepar, a região de Curitiba passou por uma condição de seca extrema devido à estiagem, segundo o governo do estado, neste ano os níveis dos reservatórios estão dentro da normalidade. E é exatamente por essa razão que ocorre a indignação com a falta de água, pois a crise hídrica aparentemente terminou na região.

De acordo com os moradores dos bairros Alto Boqueirão e Sítio Cercado, mesmo com o cadastro para recebimento de alertas quando houver previsão de falta de água, não recebem nenhuma notificação em mensagens de celular ou e-mail. E quando são divulgadas as notícias, os dias que a Sanepar informa sobre os bairros nos quais há a possibilidade de cortes no abastecimento, não correspondem à realidade.

Dulce Ramos, dona de casa que reside na Vila Osternack, no Sítio Cercado, afirma que há muitas informações desencontradas: “No site da Sanepar eles não informam direito os dias que não vai ter água. E quando a gente liga para lá, falam que está tudo normal na região. Quando sai alguma coisa na internet, os dias que falta água não batem com o que eles informam”, diz a moradora.

Há também reclamações sobre o valor cobrado na conta de água. Segundo os moradores, se há cortes no abastecimento, logo se gasta menos quantidade de água, devido à escassez. O que é contraditório com os relatos de que, ao invés de reduzir o valor da conta, ainda aumenta.

Transtornos

A escassez de água sem aviso causa transtornos para as atividades das pessoas da região. Mesmo com caixa d’água apropriada, a falta de água nas torneiras externas prejudica os afazeres quando as pessoas estão em casa. “Eu e meu esposo trabalhamos a semana inteira, 8 horas por dia. Final de semana é o dia de lavar mais roupas, calçadas. Mas não tem como fazer porque falta água. E se não economizar, não dá nem para o banho”, informa Renata Macedo, vendedora, moradora do Conjunto Saturnino de Brito, no Alto Boqueirão.

A reclamação também se estende à falta de qualidade da água depois do período sem abastecimento. Moradores (as) alegam que a pressão aumenta depois da escassez, mas que a água apresenta aspecto turvo. Mesmo deixando a água correr por algum tempo, informam que ela não fica translúcida, como deveria. Muitas pessoas utilizam a água externa para beber ou hidratar os animais de estimação e, estando nesse estado, pode comprometer a saúde de quem assim utiliza.

O bairro do Alto Boqueirão e algumas regiões do Sítio Cercado apresentam casas domiciliares com estrutura antiga, o que faz com que não haja muita pressão nos chuveiros elétricos. Dessa forma, muitas pessoas precisam comprometer suas rendas com a compra de equipamentos e dispositivos para aumentar a pressão da água e os chuveiros funcionarem.

“Nós tivemos que comprar um motor de pressão para instalar na caixa d’água, porque nem com boia pressurizadora o chuveiro ligou. Foi uma despesa inesperada, mas com a falta de água foi a única solução”, afirma com revolta Cláudio Vidal, autônomo, morador do Alto Boqueirão.

Para as pessoas que residem nos bairros afetados, se os cortes no abastecimento de água são justificáveis, os transtornos poderiam ser amenizados se houvesse um aviso dentro da realidade. Dessa forma, suas agendas de atividades diárias poderiam funcionar de acordo com as informações corretas da Sanepar.

O Plural entrou em contato com a Sanepar e até o momento desta publicação o órgão informou que a manifestação dos (as) moradores (as) “segue sendo analisada pela área responsável.”

Esse texto é parte do projeto Periferias Plurais, que abre espaço para que jovens de Curitiba e região falem de suas comunidades e de suas vidas.

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2 comentários em “Falta de água causa indignação em bairros da região sul de Curitiba”

  1. Aniltto Himovski Filho

    É muita falta de consideração e respeito o tratamento que a Sanepar traz aos consumidores com as constantes faltas de água sem avisos prévios !

  2. O mesmo tem acontecido em outras regionais. Em bairros como São João, Vista Alegre e Pilarzinho (que fica nas regionais Santa Felicidade e Boa Vista), os últimos meses foram marcados por interrupções semanais sem aviso prévio, com informações altamente desencontradas nos canais de informação da Sanepar. As interrupções duram até 24 horas, e o sistema de aviso de falta d’água por SMS da sanepar deixou de emitir alertas já há seis meses, mesmo com as rotineiras suspensões de fornecimento. Tampouco há diminuição na fatura em função desses cortes. E infelizmente os canais de ouvidoria/reclamações são inoperantes. :/

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